A atuação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em Una, no Sul da Bahia, foi alvo de críticas durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) nesta terça-feira (27). Agricultores, lideranças e autoridades locais afirmaram que as restrições do órgão estão gerando insegurança jurídica, desemprego, queda populacional e risco de colapso econômico no município.

O prefeito Rogério Borges (PP) alertou que 80% do território de Una está ocupado por áreas de preservação, sendo 60% sob ingerência direta do ICMBio. “Estamos sem autonomia para administrar o município. Até obras nas estradas vicinais e melhorias nas residências precisam de autorização do órgão”, afirmou, destacando que a população caiu de 38 mil, em 1980, para 18 mil em 2022.

A Comissão de Agricultura propôs a criação de um canal de denúncias para reunir relatos dos impactos causados pelo ICMBio, sob coordenação do deputado Sandro Régis (União Brasil). “Nós prezamos pela sustentabilidade, mas o que vemos em Una é muito preocupante. A população é quem mais sofre”, declarou Manuel Rocha, integrante da comissão.

Em resposta, o coordenador do ICMBio, Kleber Gomes, afirmou que o órgão “valoriza a presença de habitantes nas áreas de conservação” e que “tudo é possível de ser feito”, desde que haja autorização prévia do ICMBio, Ibama ou Inema. Mesmo após uma carta enviada pela Prefeitura e pela Câmara de Una em novembro de 2023, o município ainda não recebeu resposta do Instituto.