Moradores do bairro de Stella Maris e adjacências têm visto há alguns dias um navio parado próximo à sua orla. Trata-se de manutenção de cabo submarino de fibra óptica, que passa por Salvador e segue mar adentro, rodeando a América Latina.
De acordo com Rafael Sgrott, gerente nacional da Telxius – empresa de comunicações, subsidiária da Telefônica no Brasil e responsável peloa operação de cabos submarinos –, “esta é uma operação de reparo desse cabo de 25 mil quilômetros que circula a América Latina inteira”, disse ao Panorama da Bahia.
Responsável pelo principal tráfego de dados, o referido cabo submarino foi rompido em março deste ano ameaçando a distribuição de internet em Salvador e em cidades do interior da Bahia e alguns estados vizinhos, como Minas Gerais e Sergipe.
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Segundo Sgrott, depois de trabalhar muito tempo em alto mar, o navio precisou se aproximar da costa. “É uma operação complexa, o barco está trabalhando agora próximo à costa, mas ele já trabalhou bem pra dentro do mar, em profundidades de dois mil metros”.
“Nesses 25 mil quilômetros de cabo, depois de passar por praticamente a América Latina inteira, ele precisa chegar próximo para conectar à terra, para chegar nas estações, e a partir daí conectar com os datacenters”, explicou.
O reparo dos cabos submarinos
Os cabos submarinos de fibra óptica são responsáveis por uma grande parte das conexões de internet em todo o mundo. Esses cabos percorrem milhares de quilômetros no fundo do mar, transportando enormes quantidades de dados de um continente para outro, ligando diferentes nações ao circuito mundial de internet.
No entanto, esses cabos estão sujeitos a danos devido a fatores externos, como terremotos, âncoras de navios, redes de arrasto de pesca e até mesmo por animais marinhos, e por isso podem precisar de manutenção regular para garantir a conectividade contínua.
A reparação de um cabo é semelhante à reparação de um pneu furado, no qual a borracha danificada é substituída por um novo remendo. Quando um cabo de fibra ótica se parte no fundo do mar, é impossível ver a falha diretamente. Portanto, quando tais incidentes ocorrem, o operador de telecomunicações localiza o acidente e providencia a substituição do trecho danificado por um cabo novo.
Para localização do local danificado, o operador responsável envia pulsos de sinal através do cabo a partir de uma extremidade ou estação base. Como a área está com defeito, ela acaba devolvendo o pulso ao local de sinalização que enviou os dados. Através de cálculos, eles podem identificar o tempo de atraso a partir do sinal refletido, e assim detectar a posição.
No vídeo abaixo, veja um exemplo deste processo complexo.