Matéria editada no mesmo dia às 22h28 para incluir desfecho da situação após a prisão dos envolvidos.
Um homem negro foi vítima de uma tentativa de homicídio no bairro Rio Branco, em Porto Alegre/RS, neste sábado (17), em meio a um cenário alarmante de violência e discriminação racial. O agressor, um homem branco, munido de uma faca, já era conhecido na região por suas atitudes violentas e racistas, conforme relatado por moradores locais.
Ao chegar ao local do incidente, a polícia adotou procedimentos discrepantes no tratamento dado ao homem agredido e ao agressor. Enquanto a vítima, de pele negra, foi algemada e levada sob custódia no compartimento de carga de um camburão, o agressor branco foi algemado e detido, mas convidado a sentar no banco de trás da viatura. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Desde o início da intervenção policial, o homem negro resistiu à prisão, reivindicando sua condição de vítima, não de agressor. Enquanto isso, o agressor branco foi autorizado a deixar o local, retornar para sua residência e até mesmo guardar a arma do crime.
Apesar dos testemunhos dos moradores que corroboravam a versão de que o homem negro era a vítima do ataque, os militares mantiveram a prisão do indivíduo. Imagens capturadas no momento do ocorrido mostram membros da comunidade tentando restringir o agressor, enquanto os policiais parecem permitir sua livre circulação.
Somente após insistentes pedidos das testemunhas, os policiais procederam à prisão do agressor branco. No entanto, sua condução contrastou notavelmente com a do homem negro, sendo ele colocado no banco traseiro da viatura, com ar-condicionado, enquanto a vítima, em virtude de sua cor de pele, foi forçada a ir no fundo do camburão. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Diante da crescente indignação e das acusações de discriminação racial e abuso de poder por parte da polícia, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite se pronunciou sobre o caso. Ele determinou que a corregedoria da Brigada Militar instaure uma sindicância para investigar o ocorrido. O fato de o agressor branco não ter sido detido imediatamente ressalta a urgência de revisão dos procedimentos policiais e do combate à discriminação racial em todas as esferas da sociedade.
Assista a ação abaixo:
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Desfecho
De acordo com o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL), representante do Rio Grande do Sul, “o motoboy Everton já está liberado e com a sua família. Mas ele passou por absurdos no Palácio da Polícia. Ficou algemado dentro de uma salinha enquanto o agressor estava na rua conversando com os policiais.”
Matheus, que é membro da Bancada Negra da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS), teve acesso ao Boletim de Ocorrência através de uma das testemunhas. “De forma cínica, os policiais imputaram crimes como desacato e resistência à prisão ao motoboy, sem ao menos ouvir sua versão sobre a tentativa de homicídio que sofreu. Ouviram apenas o agressor no BO, negligenciando completamente a gravidade do incidente”, denunciou Matheus.
Felizmente, o suporte jurídico conseguiu garantir a libertação de Everton a tempo, evitando sua continuidade na prisão. Uma das testemunhas do caso é membro do Conselho de Direitos Humanos do RS, o que reforça a seriedade da situação. O deputado afirmou que uma queixa formal foi registrada contra os policiais, e que o caso será levado às Comissões da Assembleia Legislativa e a todas as instâncias de controle externo possíveis.
