A cidade de Salvador ganhou, na última terça-feira (30), um grande mural artístico [fotos abaixo], fruto de uma parceria entre a Prefeitura, por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM), e o Projeto MURAL – Pela Cidade. Intitulada “Somos Nós Essa Cidade”, a obra, realizada pelos artistas de grafite soteropolitanos Eder Muniz, Monique e Dimak, mergulha nas raízes culturais da cidade, com referências às religiões de matriz africana e à presença marcante do grafite na paisagem urbana.
Localizado no espaço do BRT, no final da Avenida Vasco da Gama, o mural inicia com uma saudação a Exu, simbolizando a abertura de caminhos, e a uma entidade que representa o rio e a mata ciliar, relembrando o rio que atravessa a avenida. O painel se encerra com uma homenagem a Iemanjá, em reverência à conexão histórica do local com o bairro do Rio Vermelho. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Para o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, a arte urbana desempenha um papel essencial na vida das cidades, aproximando a cultura da população e conferindo identidade aos espaços urbanos. “A arte urbana amplia o diálogo cultural com a comunidade e humaniza o ambiente urbano, fortalecendo o sentimento de pertencimento”, comentou.
Homenagem – De acordo com a idealizadora do projeto Mural, Vanessa Vieira, a iniciativa faz uma homenagem a Salvador e ao seu povo. “A ideia é levar mais cor e inspiração para o dia a dia das pessoas, e que a população da cidade se identifique nos murais artísticos pintados”, declarou.
O artista Calangos, como é conhecido Eder Muniz, apresenta a diversidade da cidade de Salvador e a força espiritual que a cidade emana. “Eu tento traduzir neste trabalho um pouco dessa experiência que nos liga a nossa ancestralidade. Eu não consigo pensar em Salvador sem pensar quem veio antes de mim, quem sou eu. Salvador te questiona isso: ‘De onde você veio? Você se conhece?’”, avaliou. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Um dos pioneiros do grafite contemporâneo de Salvador, atuando no cenário desde 1996, o artista Dimak trouxe referências históricas e a essência da tipografia do grafite, mesclando com os personagens que fazem homenagem à cultura hip hop. “Eu trago palavras que fazem referência à cidade de Salvador, como diversidade, resistência e cultura, utilizando as diferentes tipografias que são muito comuns dentro do universo do grafite, podendo ser reconhecido por grafiteiros do mundo todo”, explicou.
Oriunda da nova geração do grafite, Andressa Monique trouxe para o mural artístico o cotidiano e figuras que representam a população da cidade, como estudante, baiana de acarajé e Filhas de Ghandy. “É um trabalho que dialoga com quem somos. Na rua, temos essa liberdade de todas as pessoas serem impactadas pela nossa arte independente da sua condição social ou racial. O grafite é uma arte muito democrática”, arrematou.
Veja algumas imagens do local: