Ganhou força nos bastidores políticos da Bahia a especulação de que o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), poderia desistir de disputar o governo do estado em 2026. A hipótese é vista com desconfiança por aliados, mas já provoca incômodo e tensão dentro do grupo oposicionista. As informações foram compartilhadas pelo Bahia Notícias, nesta sexta-feira (19). 

De acordo com relatos de bastidores, Neto tem se irritado com a pressão de aliados que tentam firmar compromissos eleitorais antes do ano eleitoral. A cobrança por definição de apoios e listas de candidaturas tem transformado o ex-prefeito em “apagador de incêndios” criado por seu próprio entorno político.

Outro fator de desgaste é a ofensiva do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que desde 2023 vem atraindo antigos aliados de Neto para a base governista. Um levantamento feito pelo Panorama da Bahia, mostra que 43 gestores romperam com o ex-prefeito o que demonstra o degaste do político que tem se afastado de lideranças municipais. Pré-candidatos a deputado também estariam aproveitando a indefinição para pressionar e “criar dificuldades” nas negociações, o que aumenta o mal-estar.

Um interlocutor próximo ao ex-prefeito avalia que a antecipação das articulações é precipitada. “Querem que ACM Neto assuma compromissos desde agora, como se fosse possível. Não é ano de política, isso deveria acontecer só no próximo ano. Tem gente querendo fechar lista de candidatos, como se isso fosse possível agora”, disse um aliado sob condição de anonimato. 

Apesar dos rumores, lideranças do União Brasil consideram improvável uma desistência e que a decisão poderia levar “a morte política dele”, disse um aliado. Para o grupo, Neto segue sendo o nome mais competitivo da oposição para enfrentar Jerônimo Rodrigues. Ainda assim, a lembrança de 2018, quando o ex-prefeito recuou da disputa contra Rui Costa (PT), mantém aliados em alerta.

A indefinição sobre o futuro político de ACM Neto, seja em uma candidatura estadual ou em um projeto nacional, gera insegurança dentro da base oposicionista. Alguns aliados já admitem que a falta de clareza pode provocar dissidências caso o cenário não se estabilize nos próximos meses.