Professores do Colégio Estadual Lauro Farani Pedreira de Freitas, situado em Iaçu, município localizado a 280 km de Salvador, expuseram publicamente sua indignação com as condições de trabalho na instituição. Em uma carta direcionada ao Governo do Estado da Bahia, os educadores apontam a “insalubridade de proporções extremas” decorrente das obras inacabadas na escola, as quais estão há mais de um ano em atraso.
A carta destaca que as obras de ampliação e reforma da escola, inicialmente vistas como um benefício para a comunidade escolar, tornaram-se um grande problema. O barulho incessante das obras, a poeira e a sujeira espalhada pelo espaço, além da falta de ventilação adequada, têm tornado impossível o desenvolvimento de qualquer atividade pedagógica e educacional. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Os professores relatam que o ambiente caótico causado pelas obras afeta diretamente o processo de ensino e aprendizagem. Salas superlotadas, com mais de quarenta alunos, aliadas à falta de ventilação, têm resultado em desconforto e mal-estar durante as aulas, principalmente no calor intenso enfrentado na região. Além disso, o risco de acidentes devido aos materiais de construção espalhados pelo espaço também é mencionado como uma preocupação.
Apesar dos esforços da gestão escolar para mitigar os impactos das obras, como a realocação de salas e o escalonamento de turmas, os professores enfatizam a necessidade urgente de intervenção do Governo do Estado e da Secretaria de Educação. Eles solicitam medidas imediatas, como a conclusão das obras, a disponibilização de outro espaço para as atividades escolares ou a retomada do ensino remoto, caso as alternativas anteriores não sejam viáveis. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
A carta encerra com um apelo à garantia de condições mínimas para o exercício da profissão docente e para a qualidade da educação oferecida aos alunos, ressaltando que a atual situação compromete não apenas o processo educacional, mas também a saúde física e mental dos professores e alunos envolvidos.
O Panorama da Bahia entrou em contato com as assessorias de comunicação da Secretaria de Educação e do Governo do Estado, buscando esclarecimentos sobre o motivo do atraso na entrega das obras do Colégio Lauro Farani, mas elas não responderam.

Leia a carta na integra:
CARTA ABERTA AO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, À SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA E À COMUNIDADE ESCOLAR DE IAÇU
Iaçu, 07 de março de 2024
Nós, professores do Colégio Estadual Lauro Farani Pedreira de Freitas, localizado na cidade de Iaçu, viemos a público externar nosso profundo descontentamento com as condições de trabalho em nossa instituição, dada a insalubridade que, alcançando proporções extremas, impossibilita o desenvolvimento de quaisquer atividades pedagógicas e educacionais.
O Colégio Lauro Farani foi contemplado com duas grandes obras: a ampliação da escola, com a construção de novas salas e outros equipamentos educacionais, bem como a reforma da estrutura antiga, onde eram ofertadas as aulas e desenvolvidas as demais atividades relacionadas ao ensino e aprendizagem. Entretanto, o que era para ser algo bom para a escola e toda a comunidade, tornou-se um grande problema.
As obras do pavilhão novo não foram encerradas (estão com mais de um ano de atraso) e as antigas salas estão em processo de reforma, concomitantemente às aulas. Tal cenário obriga professores e alunos a tentarem desenvolver suas atividades num ambiente completamente inadequado, para não dizer impossível. Ao manter a escola em funcionamento, precisamos lidar com o barulho de britadeiras, serra mármores, marteletes e furadeiras que estão quebrando paredes, retirando pisos, isto é, executando os procedimentos próprios de uma construção e uma reforma.
O barulho, contudo, não é o único inconveniente, como também a poeira e a sujeira que se espalham por todo o espaço. Some-se a isso salas, em sua maioria, com mais de quarenta alunos, sem ventilação natural e sem ventilador, no momento de calor que estamos atravessando. Algo que, aliás, tem levado alunos e professores a passarem mal durante as aulas, sobretudo, no turno da tarde.
Ademais, praticamente todo o espaço está tomado por entulho e materiais de construção, com pedaços de bloco, pedras e madeira espalhados por todo o espaço, colocando em risco alunos e professores, e que podem, consequentemente, causar acidentes.
Reconhecemos que a gestão da escola tem feito todo o esforço possível para realocar salas e manter as atividades. Recentemente, optamos pela estratégia de escalonamento de turmas para aulas presenciais e remotas (com atividades e estudos dirigidos), pela falta de salas de aula. Estamos sem sala de coordenação para o desenvolvimento dos planejamentos, sem sala de direção e sem sala de professores: encontramo-nos amontoados e apertados em espaços completamente inadequados. Isso sem falar na ausência de banheiros minimamente aceitáveis (muitas vezes compartilhado entre alunos e professores) e a merenda sendo preparada em uma cozinha improvisada, junto à despensa.
Por diversas e incontáveis vezes, quando conseguimos iniciar as aulas, precisamos interrompê-la, haja visto que não é possível competir com tanto barulho de construção em salas superlotadas, com calor ao extremo, além de toda sujeira proveniente da obra. Fica a impressão de que nós, professores, somos obrigados a desenvolver nossas atividades sem quaisquer condições mínimas, comprometendo a própria educação, o fulcro da nossa profissão, além da nossa saúde física e mental.
Recentemente, o governador Jerônimo Rodrigues falou, numa entrevista, que a escola que reprova está, ela própria, reprovada. Ocorre, excelentíssimo, que, numa escola onde não há a mínima possibilidade de ensinar – estando ela mesma reprovada pelas condições que apresenta –, não poderá, sequer, aprovar aluno nenhum, face à inexequibilidade do processo educacional, pois uma escola jamais poderá cobrar aquilo que não tem a chance de proporcionar dignamente: o conhecimento.
Diante do exposto, solicitamos ao Governo do Estado da Bahia e à Secretaria de Educação medidas em caráter de urgência, como a entrega do novo pavilhão, a disponibilização de um outro espaço para o desenvolvimento das atividades ou a retomada do ensino remoto por período determinado, caso as alternativas anteriores não se mostrem possíveis.
Nossa principal luta é pela educação de qualidade – uma bandeira almejada pelo Estado da Bahia –,cujo desenvolvimento só é possível quando há mínimas condições de trabalho.
Atenciosamente,
Equipe de Professoras e Professores do Colégio Estadual Lauro Farani Pedreira de Freitas