Durante a abertura do encontro “Novas Parcerias para Negócios Sustentáveis”, nesta segunda-feira (17), em Salvador, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, criticou o elevado patamar da taxa Selic e alertou para os impactos negativos dos juros altos na competitividade da indústria brasileira.
Alban classificou como “triste” a realidade dos juros no país e afirmou que a atual política monetária prejudica a capacidade de investimento das empresas. “Não justifica termos, culturalmente, um spread embutido na Selic tão absurdo. Por mais que existam conceitos econômicos que tentem justificar, não faz sentido uma taxa que chega a ser três vezes maior que a meta de inflação”, disse.
De acordo com o presidente da CNI, o custo médio de financiamento industrial no Brasil pode chegar a 35% ou 40% ao ano, enquanto em outros países varia entre 1% e 7%. “A indústria não tem fronteiras como o agronegócio ou o setor de serviços. Ela concorre com o mundo inteiro. Fica impossível competir com esse custo financeiro”, destacou.

Ricardo Alban também apontou a necessidade de uma racionalização dos gastos públicos em todas as esferas de poder, além da revisão dos chamados “gastos tributários”. Para ele, a redução dos juros precisa vir acompanhada de responsabilidade fiscal, diálogo institucional e estímulo à produção.
“O setor produtivo está disposto a contribuir. Mas é preciso repensar o modelo. Precisamos de uma política econômica que favoreça o crescimento, a inovação e a sustentabilidade”, afirmou.