Nesta segunda-feira (8), a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, se reúne com ministros de partidos de centro e centro-direita para uma reunião no Palácio do Planalto com o objetivo de estruturar uma resposta firme ao projeto de anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro. A articulação ocorre diante do avanço das negociações no Congresso – impulsionadas por partidos do centrão e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas –, que se mobilizam em defesa de uma anistia que pudesse alcançar até o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
O encontro busca promover uma atuação conjunta dos ministros junto às bancadas partidárias, reforçando a orientação do governo Lula de oposição à proposta – ainda que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), esteja sob pressão para pautar o tema. A articulação visa também neutralizar o impacto político da saída de União Brasil e PP da base governista, que passaram a defender a ampliação da anistia, e ao mesmo tempo impulsionar pautas populares como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 000 e a PEC da Segurança Pública.
No Senado, há sinais de recuo: Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da Casa, defende apenas a redução de penas, sem incluir lideranças de alto escalão. Enquanto isso, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), propôs uma versão que permitiria a Bolsonaro concorrer em 2026 e abrange perdoar crimes desde o inquérito das fake news de 2019. Paralelamente, o governo reforça, nos bastidores, que não cogita permitir a votação da anistia — apostando no enfraquecimento da urgência da proposta para barrar sua tramitação.