Bruno Reis vende transplante como se fosse plantio de árvores em Salvador

Programa Corredor Verde foi anunciado como marco de sustentabilidade, mas ação na Manoel Dias repete velha prática de propaganda disfarçada de avanço ambiental

Bruno Reis vende transplante como se fosse plantio de árvores em Salvador
Foto: Betto Jr./PMS
Foto: Betto Jr./PMS

A Prefeitura de Salvador anunciou com festa o início do programa Corredor Verde, apresentando como “plantio de 115 árvores” o que, na prática, foi apenas o transplante de árvores de um local para outro. O prefeito Bruno Reis (União Brasil) gravou vídeos posando com enxada na mão e comemorou o suposto marco ambiental. Mas é preciso ser claro: transferir árvores de lugar não é o mesmo que plantar.

Na Avenida Manoel Dias, o que ocorreu foi uma operação de transplante arbóreo. Árvores já crescidas, arrancadas de um ponto, foram reacomodadas em outro. Isso não representa aumento real da cobertura vegetal da cidade, apenas uma reorganização do que já existia. Quando o prefeito fala em “dobrar” o número de árvores, vende à população uma ideia inflada, que mascara a realidade.

É evidente que qualquer ação que melhore o paisagismo e a sombra em áreas urbanas é positiva, mas é desonesto apresentar transplantes como se fossem novos plantios. A cidade precisa de políticas consistentes de reflorestamento, de produção e cultivo de mudas nativas, e não de shows midiáticos com números que não correspondem a novos exemplares de árvores.

Mais grave ainda é usar o discurso da sustentabilidade para se autopromover. O combate às mudanças climáticas e o enfrentamento das ilhas de calor em Salvador exigem mais do que marketing: requerem ações de longo prazo, transparentes e mensuráveis. O cidadão merece saber a diferença entre plantar e transplantar, e não ser iludido por maquiagem verde em época de desgaste político.

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Se a Prefeitura de fato deseja ser referência em políticas ambientais, deve investir em novas árvores, em programas de reflorestamento e na manutenção da biodiversidade local. Transplantar é válido, mas nunca pode ser vendido como plantio. Sustentabilidade não combina com propaganda enganosa.


* Luciano Barreto é jornalista, editor do Panorama da Bahia e repórter freelance do Brasil 247. Pós-graduado em Comunicação Organizacional e Assessoria de Imprensa. Foi repórter da TV Aratu/SBT Bahia, TV Câmara Salvador, A Tarde, Caderno de Notícias e Rádio Educadora FM. Já trabalhou como assessor e coordenador de comunicação em Fundações e Autarquias. (saiba mais).

 

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