Angelo Coronel: “Não escalo adversário, disputo meu espaço”

Em entrevista, senador fala sobre alianças, impeachment e relação Brasil-EUA

Foto: Panorama da Bahia
Foto: Panorama da Bahia

Em clima de articulações políticas para 2026, o senador Angelo Coronel (PSD) falou à imprensa na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), na última sexta-feira (8), sobre seu espaço no partido, relações com diferentes grupos políticos, o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes e a condução de Davi Alcolumbre. Também comentou a postura do governo Lula diante das tarifas dos EUA e negou rumores de que possa disputar uma vaga na Assembleia, reafirmando sua pré-candidatura ao Senado.

Nos bastidores, o grande impasse envolvendo Coronel é a possível entrada de Rui Costa (PT) – hoje, ministro da Casa Civil – na disputa pelo Senado em 2026. Para que isso aconteça, um nome precisaria sair, e o mais cotado para abrir espaço é justamente o de Coronel — cenário que o senador evita comentar publicamente, mas que tem movimentado o tabuleiro político baiano. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Marcelo Nilo disse que o senhor, assim como ele, já foi “rifado” da base do governo. O senhor se sente assim? Tem plano B?

Olha, eu, que venho da roça, às vezes preciso até olhar no dicionário para entender certas palavras. Não sei o que “rifado” significa na minha vida política. Quando não conseguimos nossos objetivos, recuamos e buscamos outra oportunidade. Não me sinto excluído de nenhum lado — pelo contrário, sou cortejado pelos três grupos políticos na Bahia. Tenho espaço no PSD, que pode ter candidatura própria, sou amigo do grupo de Bruno Reis e ACM Neto, e também tenho grandes amigos na base do governo.

Sobre o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, Davi Alcolumbre já disse que, mesmo com 81 assinaturas, não vai pautar. Qual é o clima no Senado?

Acho que se montou um teatro em torno disso. O impeachment depende exclusivamente do presidente do Senado, que já disse que não pautaria. Então prefiro observar e, caso ocorra, analisar se há base constitucional. Hoje há muita “marola”. Por mais que critiquem Alexandre, também há exageros do outro lado — senador tirando a roupa, chamando para briga. O Brasil não pode ser um ringue. Quem quiser lutar que procure o Popó, o Júnior Cigano, não o Congresso Nacional.

Mas não foi um erro Alcolumbre dizer que não pautaria mesmo com todas as assinaturas?

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Não concordei. Se atingir o número necessário, o processo tem que andar. Mas, para haver impeachment, são precisos 54 votos. Hoje estamos na faixa de 40, e ainda faltam cerca de 30% de apoio. Não é com grito ou corrente na cadeira que vai acontecer. É preciso diálogo. Vejo muita gente usando o tema para se projetar politicamente em ano pré-eleitoral. Eu faço política com propostas, como os projetos que já aprovamos e que me credenciam a disputar novamente o Senado.

Seus colegas Wagner e Otto já disseram que são contra o impeachment. Sua indefinição não prejudica com seu eleitorado, já que o senhor foi eleito com apoio do PT?

Indecisão não significa ser contra ou a favor. Não estudei a matéria e não sou jurista. Além disso, sou homem de partido: se o PSD decidir pela assinatura, eu sigo a orientação. Até agora, o partido não discutiu o assunto comigo.

Governadores como Caiado e Zema discutiram formas de reagir ao “tarifaço” dos EUA. Como avalia a postura do governo Lula?

Eu acho que tem membros do governo que está errando. Está faltando habilidade. Esse tipo de medida deve ser negociado, não respondido com chacota. Defendo a soberania brasileira, mas é preciso inteligência para negociar. Questões comerciais precisam ser tratadas caso a caso — carne, manga, petróleo, minério — pensando na geração de emprego e renda.

Membros do governo erram nessa relação?

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Sim. Alguns jogam para a torcida, não para resolver o problema. Exportamos só 20% da carne e, muitas vezes, carne de segunda. Na manga, por exemplo, o mercado externo paga R$ 3,50 o quilo; aqui é R$ 1. Produtos perecíveis exigem rapidez na negociação; petróleo e minério, não.

A família Bolsonaro erra ao associar tarifação a questões judiciais?

Vejo excessos. Questão judicial é uma coisa, questão comercial é outra. Não se deve misturar política externa com problemas judiciais.

Há rumores de que o senhor poderia voltar à Assembleia Legislativa. Isso procede?

Não. Convivi 28 anos na ALBA e tenho orgulho disso, mas hoje minha candidatura ao Senado está mantida e referendada pelo partido, com apoio do senador Otto Alencar e do presidente nacional Gilberto Kassab. Não escalo adversário: disputo meu espaço no PSD, seja contra A, B, C ou D.

Clique aqui para assistir à entrevista na íntegra.

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