A Venezuela acusou o Brasil de barrar sua entrada como membro associado do Brics e classificou a decisão como uma “agressão inexplicável e imoral” à diplomacia venezuelana. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores venezuelano afirmou que o Brasil continua com “o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana”, liderada pelo presidente Nicolás Maduro. O Itamaraty, no entanto, declarou que não houve veto específico, mas sim a criação de critérios para novas adesões ao bloco.
O Brics, que realizou uma cúpula nesta semana em Kazan, na Rússia, definiu que 13 países receberão convites para se tornarem membros associados. Na América Latina, foram selecionados Cuba e Bolívia, enquanto a Venezuela ficou de fora. Entre os critérios estabelecidos para novas adesões estão a defesa da reforma da ONU e a não aceitação de sanções econômicas unilaterais, além de uma postura de relações amigáveis com todos os membros atuais do bloco, explicou o Itamaraty.
A coordenadora do grupo de pesquisa sobre o Brics da PUC-Rio, professora Maria Elena Rodríguez, avaliou que a posição do Brasil é coerente, considerando as atuais tensões diplomáticas com a Venezuela. “Não temos relação amigável com a Venezuela neste momento. Não temos uma relação amigável com a Nicarágua, que também manifestou interesse em entrar no Brics”, afirmou Elena. Ela acrescentou que as relações frias entre os países são um ponto fundamental para a exclusão da Venezuela.
O presidente russo, Vladimir Putin, que participou da cúpula com Maduro, disse esperar que Brasil e Venezuela “resolvam suas relações bilaterais”, elogiando a postura do presidente Lula como “decente e honesta”. Putin afirmou que, para incluir novos países, o Brics exige consenso entre todos os membros plenos e sugeriu que as tensões entre Brasil e Venezuela sejam resolvidas por meio de diálogo direto.