Ex-vereador e líder sindical Luiz Carlos Suíca (PT) afirmou, nesta terça-feira (12), que deve concorrer a um cargo parlamentar em 2026. Ele não revelou se disputará uma vaga na Assembleia Legislativa (ALBA) ou na Câmara dos Deputados, mas deixou claro que já articula alianças e mantém intensa agenda de conversas políticas. A entrevista aconteceu na própria ALBA, onde Suíca tem circulado com frequência nos últimos meses.
Na eleição de 2024, o senhor não se reelegeu vereador. Alguns atribuem isso à escolha do candidato a prefeito que liderou a chapa [Geraldo Júnior (MDB)]. O senhor considera que foi prejudicado?
De forma nenhuma. Quero deixar claro que não me senti prejudicado. Pelo contrário, cresci quase 70% na votação em relação a 2020. Na eleição da pandemia, tive 5 mil votos; agora, 7 mil. Foi um pleito difícil, sem a marca petista na cédula, e isso influenciou muito. Houve quem creditasse a derrota ao candidato escolhido, mas eu avalio que o problema maior foi a demora para definir o nome e a falta de uma identificação mais forte com a militância de esquerda. Faltou debate, proximidade e escuta real com o público petista. Não é uma questão de o vice-governador ter vindo de outro grupo político; esse movimento é comum na política. O ponto é que a chapa não conseguiu criar um vínculo com a base, e isso fez diferença.
E o senhor chegou a receber convite para assumir algum cargo no governo como compensação pela não reeleição?
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Não, e não vejo motivo para isso. O governador não tem que me compensar por nada, porque não me prejudicou em nada. Política não é uma via de mão única onde só se vence; a gente tem que estar preparado para ganhar e para perder. A minha trajetória não depende de um cargo para continuar. Desde o movimento sindical até o mandato de vereador, sempre mantive minha atuação social. Se um dia o governador ou outro gestor precisar de alguém com minha experiência para cuidar de áreas como meio ambiente ou limpeza urbana, vamos avaliar. Mas minha política não é feita esperando algo em troca. É feita todos os dias, com o povo, nas ruas e nas instituições que ajudamos a construir.
Então é certo que o senhor estará na disputa de 2026?
Sim, sou pré-candidato e vou disputar para valer. Ainda não decidi se será para deputado estadual ou federal, mas estamos conversando com muita gente. E digo isso porque, enquanto alguns fazem dobradinhas fora do partido, eu sempre mantive minhas alianças dentro do PT. Agora, o diálogo será com todos [os partidos] que tenham no mínimo compromisso com a nossa ideologia e propósito: cuidar de gente. Quando definirmos o cargo, já teremos também quem serão nossos aliados, as dobradinhas e até as “pré-dobradinhas”. Política se faz com presença e articulação, e é isso que estou fazendo. Quem não é visto não é desejado, e eu estou sendo visto.
O que tem feito desde que deixou a Câmara?
Voltei a me dedicar à comunicação, algo que sempre fez parte da minha vida. Eu já tive programa de TV, na TV Baiana, e de rádio, sempre voltados para a comunidade. Hoje, estou com o podcast A Gente Pod, criado quando eu era vereador. Ficou um tempo parado, mas retomamos entrevistando pessoas de diversas áreas e dando voz à comunidade. Além disso, continuo apoiando o trabalho do GAP, no Cabula, que tem crescido muito e é tocado por mulheres e homens comprometidos com causas sociais. Minha rotina é essa: acordar pensando em quem está sem comida, em quem precisa de apoio, e buscar soluções para isso. Não é só política; é compromisso com a vida real das pessoas.
E como o senhor vê o trabalho da atual Câmara de Vereadores?
Eu fui muito ativo no meu mandato, principalmente em temas como o PDDU e a negociação para o metrô passar ao controle do Estado. Agora, entendo que o papel é dos vereadores eleitos nesta legislatura. Não fico diariamente na Câmara tentando aparecer. Desejo sucesso a todos, especialmente ao presidente Carlos Muniz, que tem feito um bom trabalho. Se for chamado para opinar em algo relevante, participarei. Mas acredito que o protagonismo deve ser de quem está no mandato. Política também é saber o momento de falar e o momento de deixar o espaço para os outros exercerem suas funções.