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Religião na TV ou o sacrifício dos cordeiros

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Não é só de replicação da barbárie cotidiana que vive a TV aberta no Brasil. Outro “fenômeno” que se evidencia abusivo é a ocupação dos horários, de modo intermitente, por programas religiosos, no que se tem convencionado designar por igrejas eletrônicas, notadamente as do viés evangélico, sejam a Universal, Mundial, Renascer ou da Graça de Deus.

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“Em nome de Jesus”, tanto na TV quanto no rádio, país afora, o proselitismo de pastores visa acima de tudo conquistar novos adeptos, como é precípuo (sim, o mais importante) nas correntes neopentecostais.

Contudo, o que se expande não são apenas os programas religiosos, exibidos nas emissoras comerciais em horários vendidos às igrejas e organizações religiosas pelas consideráveis cifras dos R$ 500 mil a R$ 1 milhão mensais, mas, sobretudo, a proliferação do número de emissoras religiosas: Rede Vida, Rede Canção Nova, Rede Família, Rede Boas Novas, Rede Gospel, Rede Super, etc, etc… Algo superior a 15 redes, com emissoras espalhadas por todo o país, sob cobertura nacional via satélite.

Outro dado extremamente significativo é o de que, coincidentemente, a predominância desses tipos de programações – a que explora a violência e a que ilude sob o manto da fé religiosa – ocorrerem em emissoras vinculadas a estas igrejas, notadamente a Band, supondo-se a rentabilidade de comercialização do espaço à revelia do que se possa conceber como concessão pública, e a Record – uma broadcasting da Igreja Universal do Reino de Deus.

Na conclusão a uma pesquisa feita em 114 nações e divulgada em 2010, o Instituto Gallup, como diríamos de uma conclusão, mostra uma correlação forte entre o grau de religiosidade da população e a renda per capita: “Quanto mais religiosos são os habitantes de um país, mais pobre ele tende a ser”.

Correlação, todavia, vale acentuar, pode ser um conceito traiçoeiro. Afinal, quando duas variáveis estão correlacionadas, tanto é possível que qualquer uma delas seja a causa da outra como também que ambas sejam efeitos de outros fatores.

Desde há muito, a sociologia, na contraface da pesquisa do Gallup, tem preferido apostar na tese de que a pobreza é que facilita a expansão da religião.

A denominada Igreja Eletrônica expandiu-se no Brasil a partir da década de 80. Seu formato, desde sempre, preconiza a trilogia “reza, cura e salvação”. A salvação é oferecida, como diríamos de uma mercadoria, em púlpitos de templos miraculosos e na vitrine desses programas (já não mais em outro mundo).

Porém, via de regra, e até ungindo celulares, o que os pastores pretendem e têm conseguido, são as contribuições financeiras dos seus rebanhos de incautos, mas fiéis ouvintes e telespectadores – esses mesmos, os cordeiros em sacrifício.

 

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Albenísio Fonseca é jornalista formado pela UFBA. Autor do livro Jornalismo Cultural em Transe.

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