A comunidade quilombola do Rio dos Macacos, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS) segue na resistência em defesa do seu território e do acesso a direitos básicos como a água. Principal ator contra a comunidade, a Marinha do Brasil já sinalizou a construção de um muro que impedirá os quilombolas de utilizar água da represa.
Em luta pela garantia de seus direitos, a comunidade tem buscado parceiros como a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 que se soma na defesa dos povos e comunidades tradicionais. No dia 30 de setembro, a entidade participou de uma reunião com populares do quilombo onde foi acordado a manutenção da posição contrária da comunidade sobre a construção da barreira.
“A Marinha vem falando que vai construir um muro para separar o Rio dos Macacos da área da Marinha. A questão é que o muro não é do lado da base naval e sim, do lado da comunidade, o que impedirá os moradores de usar a água da represa”, aponta o assessor regional na Cáritas Nordeste 3, Márcio Lima.
Na reunião ocorrida em setembro participaram lideranças comunitárias do Rio dos Macacos, representantes da Cáritas Nordeste 3, Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia (AATR), Advocacia Geral da União (AGU), Marinha do Brasil, Ministério Público Federal (MPF), Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi) e Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
A comunidade quer apenas utilizar água para o consumo próprio das famílias que lá residem. Além do mais, o rio está ligado à identidade dos quilombolas. “A água é um direito básico. Os quilombolas seguem firmes com seu posicionamento contra a obra e estão abertos ao diálogo com a Marinha do Brasil que, por sua vez, tenta legitimar o muro pelo viés da segurança, sendo que nunca existiu ameaça da comunidade para a Marinha”, completa Lima.
Programa Global
O Programa Global das Comunidades da Nossa América Latina é desenvolvido pela Cáritas Brasileira (Regionais Nordeste 3 e Norte 2), Cáritas Colômbia e Honduras e apoiado pela Cáritas Alemã e Ministério Alemão. É realizado a partir da participação e incidência política nas comunidades tradicionais em cada país e visa melhorar a implementação dos direitos à terra e ambientais, promover a participação política das comunidades rurais e disseminar abordagens inovadoras para a adaptação às mudanças climáticas nos territórios.