A Polícia Federal (PF) apontou o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), como tendo um “importante papel” no grupo investigado por fraudes em licitações e lavagem de dinheiro desvendadas pela Operação Overclean. A informação é da colunista Mirelle Pinheiro, do Metrópoles, com base em documentos oficiais da própria PF. As investigações miram contratos firmados a partir de 2021, ano em que Bruno assumiu a prefeitura, e revelam repasses milionários a empresas acusadas de integrar o esquema.
Entre as principais beneficiadas está a Larclean, especializada em serviços de limpeza, que pertence aos irmãos Alex e Fábio Parente – apontados como líderes do esquema ao lado de José Marcos de Moura, o “Rei do Lixo”. A Larclean recebeu R$ 48,8 milhões da prefeitura entre 2021 e 2024, valor quase três vezes maior do que o registrado nos três anos anteriores. Segundo a PF, as licitações eram direcionadas, com a participação de servidores, para eliminar concorrência e garantir os contratos à empresa.
A investigação revela que os contratos da Larclean com as secretarias de Educação e Saúde estavam recheados de irregularidades. Segundo a PF, houve simulação de serviços, ocultação de origem dos recursos e superfaturamento. A Controladoria-Geral da União (CGU) aponta prejuízo de R$ 8,4 milhões e destaca a ausência de fiscalização, especialmente em contratos vinculados ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
Entre os alvos da PF, está Flávio Henrique Pimenta, ex-diretor administrativo da Secretaria de Educação de Salvador. Ele foi preso com R$ 700 mil em espécie e exonerado após a operação. Outro nome que entrou na mira da investigação é o empresário Samuca Franco, apontado como operador financeiro do esquema e ligado pessoal e empresarialmente a Bruno Reis.
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A reportagem do Metrópoles revelou que Bruno Reis e Samuca Franco são sócios desde 2022 na SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda. O empresário, que comprou dois imóveis de luxo em Barra Grande, teria cedido um dos apartamentos para uso pessoal do prefeito. Bruno, em evento público, chegou a se referir a Samuca como “um irmão que a vida deu” e disse manter contato diário com ele.
As conexões entre o prefeito de Salvador, os investigados e os contratos sob suspeita colocam sua gestão no epicentro das investigações. Segundo a PF, Bruno Reis exerceu influência em decisões administrativas que beneficiaram diretamente os irmãos Parente e as empresas associadas ao esquema. As revelações intensificam a pressão sobre o chefe do Executivo soteropolitano, que, até a publicação desta matéria, não se pronunciou publicamente sobre o caso.
A Operação Overclean continua em andamento e, nos próximos dias, pode alcançar novos agentes com vínculos diretos com a gestão municipal de Salvador.
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Operação Overclean – Conduzida pela PF e pela CGU, a Overclean apura um esquema bilionário de fraudes em licitações, peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, que teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos com o governo federal, estados e municípios. A investigação começou com suspeitas sobre um contrato do Dnocs, mas se ampliou após quebras de sigilo e gravações que revelaram a atuação coordenada de um grupo de empresas em diversas esferas da administração pública.
