As eleições para prefeito de Salvador em 2024 prometem ser um verdadeiro espetáculo político, repleto de desafios para a base governista. Após uma série de reuniões do conselho político, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou – dentre outros nomes, inclusive alguns já lançados(as) pré-candidatos(as) pelos seus respectivos partidos – o nome do emedebista Geraldo Júnior como o pré-candidato que disputará a prefeitura com o possível concorrente à reeleição, o prefeito Bruno Reis (UB).
Contudo, a tão almejada unificação da base governista parece não ter sido alcançada, conforme indica, por exemplo, a ex-pré-candidata comunista Olívia Santana. Em um vídeo divulgado em suas redes, Olívia expressou sua chateação ao retirar sua candidatura, deixando claro que o candidato escolhido pela base não é, em sua visão, o que Salvador verdadeiramente necessita. Ela destacou a importância de uma representação que dialogue com a maioria da população, especialmente com as comunidades negras e femininas.
“Não serei mais pré-candidata. Mas continuarei na luta através do nosso mandato, trabalhando por Salvador, defendendo e trabalhando para que um dia Salvador possa, sim, ter uma pré-candidata prefeita negra, mulher, que dialogue com essa imagem da maioria do nosso povo, nosso povo preto que está nas favelas, que está no gueto, que possa representar esse projeto da classe trabalhadora, da cidade, das mulheres, essa cidade que é majoritariamente feminina, portanto nosso projeto continua, ele só foi adiado”, disse a ex-pré-candidata.
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Outro episódio que evidencia as divisões na base foi a ação do deputado estadual petista Robinson Almeida. Indicado pré-candidato pelo próprio partido do governador, Robinson inicialmente se mostrou confiante, mas sua ausência na coletiva de imprensa na porta do Palácio de Ondina na última quinta-feira (21) após o anúncio de Geraldo Júnior, gerou questionamentos e até irritação por parte do governador, que foi questionado.
“Robinson não está aqui. Ele ficou chateado com a decisão?”, perguntou a jornalista de 25 anos de profissão, Cintia Kelly. De forma ríspida e um tanto quanto irritado, Jerônimo respondeu: “Eu vou falar firme com vocês. Nós não vamos permitir que perguntas desse porte venham estragar nossa unidade”, enfatizou, deixando aos jornalistas presentes, sem intenção, dúvidas sobre a coesão da base governista e sua capacidade de apoiar de maneira unificada o candidato escolhido.
A ideia de união, que geralmente sugere apoio irrestrito a um único candidato, parece enfrentar obstáculos significativos, evidenciados pela declaração enfática do governador, que ressalta a intolerância a questionamentos que possam “prejudicar a unidade”, destacando, assim, as tensões existentes na base. Com a proximidade do pleito, paira a incerteza sobre a capacidade da base governista de coordenar uma campanha eficiente e mobilizar o apoio necessário para Geraldo Júnior. A resolução ou persistência dos desacordos internos é o que resta saber, uma vez que o destino político de Salvador em 2024 parece depender não só das decisões dos líderes partidários, mas também da habilidade de responder jornalistas, superar divergências e formar uma frente unida capaz de atrair a maioria dos eleitores da capital baiana.
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Luciano Barreto é jornalista, editor do Panorama da Bahia e repórter freelance do Brasil 247. Pós-graduado em Comunicação Organizacional e Assessoria de Imprensa. Foi repórter da TV Aratu/SBT Bahia, TV Câmara Salvador, A Tarde, Caderno de Notícias e Rádio Educadora FM. Já trabalhou como assessor e coordenador de comunicação em Fundações e Autarquias. (saiba mais).