Um episódio de intolerância religiosa gerou desconforto no metrô de Salvador nesta segunda-feira (15), entre as estações Pituaçu e Tamburugy. O incidente foi registrado em um vídeo que circula nas redes sociais [veja abaixo], mostrando uma acalorada discussão entre uma mulher e um homem, onde a denúncia é de que a mulher foi alvo de preconceito devido à sua fé.
De acordo com relatos compartilhados nas redes sociais, a discussão teve início quando o homem demonstrou incômodo pelo uso de um ‘fio de conta’, um colar característico do ritual do candomblé, pela mulher, que ocupava o mesmo espaço que ele no metrô. As imagens revelam uma série de comentários desrespeitosos, marcados pela importunação, devido à mulher não seguir a mesma religião evangélica que o homem.
A mulher, alvo das críticas, não hesitou em rebater as ofensas: “Você insiste em colocar diabo na religião dos outros, você é intolerante. Deixe minha religião em paz”, declarou ela durante a discussão, tentando se defender das acusações do homem.
Segundo o advogado da vítima, Bruno Moura, em entrevista ao Correio, a cliente entrou no vagão do metrô e o rapaz começou a se direcionar a ela com discurso de ódio contra religiões de matriz africana, especificamente contra o candomblé. “[Ele disse que] ela cultuava ao diabo, que a religião não prestava, que ele já foi da religião e sabe que as pessoas fazem o mal”, afirma. A vítima ficou acuada e negou as acusações, mas o homem aumentou o tom de voz e apontou o dedo para ela, narra o advogado.
Bruno Moura e sua cliente vão, nesta terça-feira (16), prestar queixa na Coordenação Especializada aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid), no Pelourinho. Além da acusação de intolerância religiosa, haverá pedido por danos morais. “A liberdade religiosa é consagrada na Constituição Federal. Logo, qualquer pessoa que agredir outra, em razão de seguimento religioso, responderá nos Tribunais”, argumenta.
Representantes da Rede de Combate ao Racismo, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), também vão acompanhar a vítima durante a denúncia. Em nota, a pasta repudiou o caso e diz que entrou em contato com o advogado da vítima, dando todo o suporte por meio do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela.
Ao Panorama da Bahia, a CCR Metrô disse que “repudia qualquer prática de atos de intolerância e desrespeito. A concessionária reforça que a equipe de Agentes de Atendimento e Segurança está disponível para prestar todo o atendimento e auxílio aos clientes e orienta que todo caso de intolerância ou agressão seja registrado para tomada das devidas providências. A CCR Metrô Bahia está à disposição das autoridades para contribuir com as investigações.”
O incidente levanta questões sobre a importância do respeito à diversidade religiosa e destaca a necessidade de conscientização sobre a coexistência pacífica de diferentes crenças na sociedade. O vídeo tem gerado indignação nas redes sociais, com muitos usuários condenando o comportamento intolerante e destacando a importância do diálogo e do respeito mútuo.
Assista ao vídeo abaixo: