Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu anular três questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 após analisar relatos de antecipação de itens semelhantes em redes sociais. A autarquia informou que a Polícia Federal foi acionada para apurar a autoria e a motivação da divulgação, diante da suspeita de violação de sigilo ou prática irregular.
A análise ganhou força após a publicação de um vídeo do estudante de medicina Edcley Teixeira, que oferece serviços de consultoria e exibiu, em 11 de novembro, cinco questões quase idênticas às cobradas no segundo dia de provas, realizado no último domingo (16). O conteúdo foi transmitido cinco dias antes do exame. O Inep afirma que identificou “similaridades pontuais” com a prova oficial, mas reforça que nenhuma questão foi apresentada de forma idêntica à versão aplicada em 2025.
Os primeiros rumores de vazamento começaram a circular na noite de segunda-feira (17), após a divulgação dos gabaritos extraoficiais. Nas redes sociais, candidatos passaram a comparar trechos da live com questões de matemática e ciências da natureza. O instituto, porém, não detalhou quais serão as três perguntas anuladas nem o impacto da decisão no cálculo das notas pela Teoria de Resposta ao Item (TRI).
Em seus vídeos, Edcley afirma ter previsto as questões sem acesso a conteúdos sigilosos, alegando o uso de análises estatísticas e técnicas baseadas na TRI. Ele também cita a memorização de itens do Prêmio CAPES Talento Universitário — exame opcional para estudantes do 1º ano da graduação — como uma das estratégias para antecipar perguntas. Segundo ele, essas questões serviriam como “pré-teste” para futuras edições do Enem, apesar de o Inep não confirmar qualquer relação entre os dois processos.
Relatos de um ex-colega e de um ex-aluno, que preferiram não se identificar, indicam que o “mentor” incentivava estudantes a participar do Talento Universitário e decorar itens aplicados no prêmio. Em outras declarações, Edcley diz que analisou chamadas públicas do Inep e estudou artigos científicos publicados por profissionais envolvidos na elaboração das provas. “Eu descobri o padrão”, afirmou em uma das postagens, ao alegar que acompanhou a atuação dos responsáveis pelo banco de questões desde 2009.
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