O incêndio que atingiu parte do telhado e do forro do Paço Municipal, na última segunda-feira (24), não causou danos significativos ao acervo do Memorial da Câmara de Salvador. A avaliação foi feita pelo especialista em restauração e professor da Escola de Belas Artes da UFBA, José Dirson Argolo, que destacou o valor histórico e artístico das obras preservadas. “Minha avaliação é positiva. Quando soube do ocorrido, fiquei assustado, pois conheço profundamente as obras da Câmara. Felizmente, nenhuma peça foi diretamente atingida pelo sinistro”, afirmou.
O restaurador, que já trabalhou na preservação de diversas peças do Memorial, explicou que apenas pequenas perdas de policromia foram registradas devido à remoção emergencial dos objetos. “Isso é natural em situações como essa, mas o importante agora é garantir que o ambiente esteja totalmente recuperado antes do retorno das obras”, ressaltou. Segundo ele, as peças armazenadas temporariamente em outros cômodos só devem voltar ao local após a eliminação da umidade, já que a água utilizada pelo Corpo de Bombeiros pode gerar fungos que comprometem a conservação.
José Dirson enfatizou que o Memorial da Câmara abriga obras de inestimável valor, como retratos de figuras históricas, entre elas Castro Alves e Ruy Barbosa, além de telas que remetem a momentos marcantes, como o quadro Entrada do Exército Pacificador, de Presciliano Silva, que representa o 2 de Julho. “Por isso, deve ser preservado para as futuras gerações com toda a sua carga de autenticidade”, destacou.

O Memorial, que funciona como museu público sem fins lucrativos, tem como missão preservar e divulgar a memória histórica da Câmara e da cidade de Salvador. Seu acervo inclui documentos, imagens e mobiliários que contam a trajetória da capital baiana, reforçando a importância do poder municipal na construção da história local.