O governo argentino sob a liderança de Milei adota um lema definido: “No hay plata“. Esse slogan informal reflete a postura de cortes implacáveis, em sintonia com a filosofia da “moto-serra” para conter gastos. As medidas delineadas no primeiro pacote, anunciado pelo ministro da economia, Luis Caputo, apontam para um cenário desafiador, gerando consequências significativas em várias esferas sociais e econômicas.
Fim das obras públicas: Uma das decisões mais impactantes é a suspensão de novas construções e o cancelamento de projetos aprovados, sob a justificativa de serem “focos de corrupção”. Contudo, essa medida pode deixar cerca de 250 mil operários desempregados.
Redução drástica de subsídios: A diminuição abrupta nos subsídios para energia e transporte público, após duas décadas de valores artificialmente mantidos, sinaliza um aumento na inflação, afetando desproporcionalmente a população mais pobre. O próprio governo admite o risco iminente de hiperinflação em 2024.

Desvalorização do peso: O declínio na valorização da moeda local resultou em um salto na cotação do dólar oficial, provocando incertezas sobre a escalada do dólar no mercado paralelo, afetando o poder de compra da população. A moeda americana pode superar os 1.200 pesos nos próximos dias.
Não renovação de contratos de servidores: Contratos com menos de um ano não serão renovados, suscitando alertas de protestos por parte dos sindicatos, o que pode criar instabilidade nos serviços essenciais.
Suspensão da publicidade na mídia: A interrupção da publicidade estatal por um ano pode acarretar no fechamento de pequenos veículos de imprensa no interior do país, representando um golpe à liberdade de expressão e à diversidade informativa.
Menos ministérios e secretarias: A redução de 18 para 9 ministérios e de 106 para 54 secretarias, rebaixando áreas cruciais como a Educação, levanta preocupações sobre a eficácia na prestação de serviços fundamentais.
Redução de fundos para as províncias: Menos recursos do governo central para as províncias podem agravar a disparidade socioeconômica entre regiões, intensificando a pobreza e o desemprego no interior do país, alimentando potenciais cenários de instabilidade social.
O conjunto de medidas adotadas pelo governo Milei delineia um panorama desafiador para a Argentina. Os impactos previstos geram preocupações sobre a estabilidade econômica e social, convocando um debate amplo sobre o equilíbrio entre cortes orçamentários e o bem-estar da população.
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Luciano Barreto é jornalista, editor do Panorama da Bahia e repórter freelance do Brasil 247. Pós-graduado em Comunicação Organizacional e Assessoria de Imprensa. Foi repórter da TV Aratu/SBT Bahia, TV Câmara Salvador, A Tarde, Caderno de Notícias e Rádio Educadora FM. Já trabalhou como assessor e coordenador de comunicação em Fundações e Autarquias.