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Forças Armadas encomendam mais de 35 mil comprimidos de Viagra

Marinha disse que os medicamentos serão usados para tratar pacientes com hipertensão arterial pulmonar

Viagra
Foto: Divulgação Pfizer
Foto: Divulgação Pfizer

As Forças Armadas aprovaram pregões para comprar 35.320 comprimidos de Viagra, droga usada tipicamente para tratar disfunção erétil. Os dados são do portal da Transparência do governo, compilados pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO).

Desde 2020, oito processos de compra foram aprovados e ainda estão em vigor. Nos processos, o medicamento aparece com o nome genérico Sildenafila, nas dosagens de 25 mg e 50 mg. A maior parte dos medicamentos é destinado à Marinha, com 28.320 comprimidos; mas o Exército (5 mil comprimidos) e a Aeronáutica (2 mil comprimidos) também são atendidos.

Argumentação

O deputado Vaz pediu explicações ao Ministério da Defesa sobre a intenção da aquisição. “Precisamos entender por que o governo [Jair] Bolsonaro está gastando dinheiro público para comprar Viagra, e nessa quantidade tão alta. As unidades de saúde de todo o país enfrentam com frequência falta de medicamentos para atender pacientes com doenças crônicas, como insulina, e as Forças Armadas recebem milhares de comprimidos de Viagra. A sociedade merece uma explicação”, disse em nota.

A Marinha respondeu que os processos de aquisição são para o tratamento de pacientes com hipertensão arterial pulmonar, “doença grave e progressiva que pode levar à morte” [leia a nota na íntegra ao final do texto].

De acordo com Verônica Amado, pneumologista da Comissão de Circulação Pulmonar da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), a dosagem de 25 mg como a do Viagra, não é a prevista na literatura para tratar a condição.

“A sildenafila foi liberada em bula para hipertensão arterial pulmonar na dose de 20mg, que pode ser receitada na posologia de 20mg de 8/8 horas até o máximo de 80mg (quatro comprimidos) de 8/8 horas. A programação terapêutica é feita com essa dose. Usar doses de 25mg (como a do Viagra) não traz impactos graves à saúde, porém, segue programação e posologias diferentes das estudadas, com doses excedentes ou inferiores às recomendadas”, disse a especialista.

O Panorama da Bahia também entrou em contato com o Ministério da Defesa, o Exército e a Aeronáutica, questionando a finalidade dos medicamentos. Caso haja resposta, atualizaremos este texto.

Leia a nota da Marinha:

Os processos licitatórios realizados pela Marinha do Brasil para aquisição de sildenafila de 25 e 50mg visam o tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), uma síndrome clínica e hemodinâmica que resulta no aumento da resistência vascular na pequena circulação, elevando os níveis de pressão na circulação pulmonar. Pode ocorrer associada a uma variedade de condições clínicas subjacentes ou a uma doença que afete exclusivamente a circulação pulmonar. Trata-se de doença grave e progressiva que pode levar à morte. A associação de fármacos para a HAP vem sendo pesquisada desde a década de 90, estando ratificado, conforme as últimas diretrizes mundiais (2019), o uso da sildenafila, bem como da tadalafila, com resultados de melhora clínica e funcional do paciente.

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