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Festa de Itapuã – A festa do povo segregada pela mídia, intelectuais e o governo

Foto: Arquivo A Tarde
Foto: Arquivo A Tarde

A Festa de Itapuã, assim como a de Santa Bárbara, pela sua origem popular (os pescadores do bairro), sem o respaldo de uma irmandade de representação, foi por décadas segregada pela mídia, pelos intelectuais baianos e pelo poder público.

Mesmo com a sua configuração semelhante à de outras estações de veraneio da cidade (Rio Vermelho, Barra e Bonfim) e ainda com o apoio da igreja (Dom Augusto, Arcebispo de Salvador chegou a participar da missa e testemunhou a procissão na beira da praia), não era considerada festa oficial de Salvador.

Os dois guias mais importantes da cidade não mencionam a festa: o Bê-a-Bá da Bahia, de José Valladares, editado em 1951 e, antes, o de Carlos Torres, editado em 1939. E não constou do Plano Diretor de Turismo elaborado pela Dórea & Associados, em 1955, por encomenda da Prefeitura de Salvador.

Ignoraram a sua existência Carlos Chiacchio no seu volumoso ensaio sobre Festas Populares na revista de Ala (1940); Antônio Vianna em Casos e Coisas da Bahia; Hildegardes Vianna em Festas de Santos… (1960); Jayme de Faria Góes em Festas tradicionais da Bahia, ilustrado por Carybé (1961); Waldir Freitas de Oliveira em Santos e Festas de Santos da Bahia (2005).

A abertura da Avenida Oceânica pelo governador Octavio Mangabeira, possibilitou a romaria de automóveis, 1º de fevereiro, rumo à Festa de Itapuã. Quem tinha conhecido com moradia no local, pernoitava na casa do parente, ou amigo. Quem não, varava a noite. Além da romaria de automóveis da véspera, para testemunhar a alvorada da madrugada, tinha a romaria dos cavaleiros; a chegada das tropas de cavalos à noite, era um espetáculo aparte, aguardado pelo público.

A festa que era do povo passou a ser da classe média também e logo mais a imprensa e a elite intelectual da Bahia chegaram mais perto. Nem tanto. Descobriram elementos culturais marcantes: As cheganças, danças de mouros, Ranchos do Boi e da Burrinha, Ternos de Reis (os do bairro foram pioneiros na introdução do estandarte de veludo, bordado a ouro); e o animado bando anunciador, dentre outras manifestações.

 

Veja aqui o texto original.

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Nelson Cadena é jornalista, pesquisador e publicitário.

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