A criação da federação entre o União Brasil e o Progressistas (PP), batizada de União Progressista, já provoca movimentações internas que podem abalar a estrutura do novo megapartido. Parlamentares federais e estaduais das duas legendas, especialmente em estados onde há disputas regionais entre os grupos, articulam a saída diante do receio de perder espaço político na nova configuração de poder compartilhado. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, é apontado como o principal destino dos descontentes.
Na Bahia, a situação tem nuances diferentes. Apesar de o PP ter rompido com o PT em 2022 para apoiar ACM Neto, a maioria dos deputados estaduais permaneceu na base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Com a federação sob controle do União Brasil, e com a provável liderança de ACM Neto no estado, esse novo arranjo pode gerar ainda mais tensão entre os progressistas baianos e acelerar possíveis debandadas. O movimento de saída em massa pode reconfigurar as forças na Assembleia Legislativa e também no Congresso.
No cenário nacional, a federação União Progressista parte com uma bancada robusta de 109 deputados e 13 senadores, superando o PL em número de parlamentares. No entanto, se houver esvaziamento provocado pela insatisfação com a divisão de poder, a jogada estratégica de ACM Neto para consolidar o União Brasil como o maior partido do país pode acabar fortalecendo, indiretamente, o grupo bolsonarista. O cenário abre caminho para o PL recuperar protagonismo no Congresso e na disputa presidencial de 2026.