Matéria atualizada em 23/03/2023 às 23h31 para incluir resposta do SAAE.
O líder quilombola do Cangula, Orlando Pereira Filho, denunciou, nesta terça-feira (19), o descaso da Prefeitura de Alagoinhas – município localizado a 110 km de Salvador –, em relação às comunidades quilombolas e rurais da região. Segundo Orlando, cerca de 30 mil pessoas sofrem com a escassez de água no município apelidado de ‘cidade das águas’ e que em 2023 recebeu o título de ‘Capital Estadual da Cerveja’.
“Sou da comunidade quilombola do Cangula, em Alagoinhas. Tanto na minha comunidade quanto nas circunvizinhas, a falta de água persiste por conta do acesso à distribuição que o SAAE [Serviço Autônomo de Água e Esgoto] faz”, afirmou Orlando. “Já fizemos protestos, paralisações, diversas reuniões com as autoridades competentes, porém, não recebemos nenhum retorno. A justificativa é sempre a falta de orçamento.” Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Orlando também mencionou que, há dois anos, um vereador destinou uma emenda de R$ 200 mil para resolver o problema, mas até agora nada foi feito. “A situação persiste, enquanto prometem realizar estudos técnicos e projetos. Enquanto isso, comunidades se veem obrigadas a depender de caminhões-pipa para suprir suas necessidades, e outras sequer têm acesso a isso, devido à falta de infraestrutura básica”, lamentou o líder quilombola.
Em outubro de 2023, Alagoinhas foi agraciada pela Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) com o título de Capital Estadual da Cerveja. Um mês depois, a Prefeitura organizou o Bahia Beer – 1º Festival da Cerveja de Alagoinhas. O Projeto de Lei teve indicação da deputada estadual Ludmilla Fiscina (PV), esposa do prefeito de Alagoinhas, Joaquim Neto (PSD).
Contudo, Orlando questiona a relevância do título diante da realidade enfrentada pelas comunidades. “O que adianta ser a cidade das águas e a capital da cerveja quando tantas comunidades sofrem com a falta de água? A comunidade do Rio Seco, por exemplo, não tem acesso algum à água potável e depende exclusivamente de carros-pipa. E não são apenas eles; várias outras comunidades não têm acesso fácil à agua”, apontou.
Orlando estima que cerca de 30 mil pessoas vivem nessas comunidades afetadas. “Considerando o distrito de Boa União e a zona rural de Alagoinhas, estamos falando de aproximadamente 30 mil pessoas privadas do acesso à água potável”, ressaltou.
>> Veja também: Falta de acesso à água potável atinge 33 milhões de pessoas no Brasil.
Enquanto isso, o prefeito Joaquim Neto anunciou a pavimentação de mais de 500 ruas na cidade até o final do ano, com investimentos que ultrapassam R$ 50 milhões. Segundo o gestor, destes, R$ 15 milhões serão destinados para a zona rural, com intervenções que deverão qualificar o acesso e à mobilidade nas comunidades. Contudo, resta saber se esses aportes abordarão de forma eficaz a questão da falta de água nas comunidades mais vulneráveis. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
O Panorama da Bahia buscou esclarecimentos junto à assessoria de comunicação da Prefeitura de Alagoinhas para abordar as preocupações levantadas por Orlando Filho. Em nota, o SAAE respondeu que o distrito de Boa União e as comunidades Cangula e Oiteiro têm acesso à água potável, embora haja intermitência na distribuição. Segundo o SAAE, a região tem sido beneficiada com melhorias, como a substituição do conjunto motobomba do poço que abastece Cangula em janeiro deste ano e a distribuição de 210 reservatórios de 500 litros para moradores das comunidades Oiteiro, Rio Seco e Cangula.
Quanto à emenda de R$ 200 mil destinada por um vereador, o SAAE informou que o valor foi repassado há um ano, mas sua liberação ocorreu apenas em dezembro de 2023. Desde então, a autarquia tem enfrentado um impasse burocrático com a família proprietária do terreno onde será instalado um novo reservatório para beneficiar as comunidades. O SAAE nega receber qualquer repasse de recursos do governo estadual para resolver essa situação, enquanto reafirma seu compromisso em garantir o abastecimento regular de água em toda Alagoinhas, destacando o empenho e dedicação diária de seus servidores.
Veja abaixo parte da entrevista com Orlando Pereira Filho:
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Leia nota do SAAE na integra:
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Alagoinhas informa que o distrito de Boa União e as comunidades citadas (Cangula e Oiteiro) têm sim acesso à água potável. O que pode ocorrer é a intermitência na distribuição de água, mas, frequentemente, o SAAE faz melhorias na região, como a troca do conjunto motobomba do poço que abastece o Cangula por um mais eficiente em janeiro do presente ano. A autarquia também já realizou a distribuição, gratuita, de 210 reservatórios de 500l para moradores das comunidades Oiteiro, Rio Seco e Cangula.
A emenda de R$ 200 mil destinada por um vereador entrou na conta do SAAE há 1 ano e sua liberação/dotação foi realizada somente em dezembro de 2023. De lá pra cá, o SAAE realizou o levantamento e a compra dos materiais necessários para melhorias na região e, nesse momento, encontra-se em um impasse burocrático com a família proprietária do terreno onde será instalado o novo reservatório que beneficiará as comunidades.
A autarquia informa não reconhecer qualquer repasse de recursos, por parte do governo do estado, para resolver a situação citada. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Desde já, reafirmamos o empenho e a dedicação diária do SAAE e de seus servidores para que toda Alagoinhas seja abastecida com regularidade.
