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Gestão de Musk na X causa conflitos com governos na Europa, Brasil e Austrália

Bilionário é criticado por posturas contraditórias em relação à liberdade de expressão e enfrenta investigações e censura em diversas regiões

Foto: Luciano Barreto/PB
Foto: Luciano Barreto/PB

Elon Musk, proprietário da rede social X, antiga Twitter, tem enfrentado uma série de atritos com autoridades de diversos países, incluindo Brasil, Austrália, Inglaterra e o bloco da União Europeia (UE). As divergências variam desde a resistência de Musk em aderir a decisões judiciais, sob a alegação de defender a “liberdade de expressão”, até a conformidade em países como Índia e Turquia, onde a plataforma acata ordens de remoção de conteúdos sem questionamentos.

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Na União Europeia, Musk foi alvo da primeira investigação baseada na Lei de Serviços Digitais (DSA), em dezembro de 2023, após denúncias de falta de transparência e disseminação de desinformação na rede social X. O relatório preliminar da Comissão Europeia indicou que a verificação de contas da plataforma é enganosa, pois qualquer usuário pode obter o status de “verificado” mediante pagamento, o que, segundo a comissão, tem sido usado por “atores maliciosos” para enganar outros usuários. Em resposta, Musk acusou o órgão regulador europeu de tentar um “acordo secreto ilegal” para censurar a fala na plataforma.

Na Austrália, a postura de Musk foi similar. Após a rede social X recusar-se a remover conteúdos considerados violentos e extremistas, o primeiro-ministro Anthony Albanese chamou Musk de “bilionário arrogante, que pensa que está acima da lei”. A recusa em cumprir as ordens judiciais para remover vídeos violentos, como o de um atentado à faca contra um bispo, gerou fortes críticas por parte das autoridades australianas. Musk, por sua vez, voltou a acusar as autoridades de censura.

No Brasil, Musk tem se mantido em conflito com as instituições ao fechar o escritório da rede social X no país e evitar prestar contas à Justiça. Ele é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito das milícias digitais, que apura o papel de grupos que teriam usado a plataforma para atacar o STF e influenciar as eleições de 2022. A especialista em direito digital Bruna Santos afirmou que, “desde que Musk assumiu a plataforma, ele tem desmontado os setores de regulação de conteúdo, mostrando-se refratário em países como Brasil e Austrália, onde há discussões sobre regulamentação mais rigorosa das plataformas digitais”.

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Em contraste, na Turquia, a rede social X tem atendido a pedidos de remoção de conteúdos sem acusar as autoridades de censura. Durante as eleições presidenciais de 2023, que reelegeram Recep Tayyip Erdogan, a plataforma suspendeu perfis e conteúdos, justificando a medida como uma forma de garantir a continuidade do serviço no país. Quando questionado sobre essa postura, Musk afirmou que a escolha era entre “restringir totalmente o Twitter ou limitar o acesso a alguns tweets”.

Na Índia, a plataforma também removeu conteúdos críticos ao governo, incluindo um documentário da BBC que abordava a repressão contra a minoria muçulmana no estado de Gujarat. Musk declarou desconhecimento sobre o caso, mas justificou que as leis indianas são rígidas e que a plataforma não pode desrespeitá-las.

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Já na Inglaterra, Musk se envolveu em outra controvérsia ao comentar que uma “guerra civil é inevitável” após protestos da extrema-direita contra imigrantes, incitados por uma notícia falsa. A declaração foi duramente criticada pelo ministro da Justiça, Heidi Alexander, reacendendo o debate sobre a necessidade de regulamentar as plataformas digitais no país. Bruna Santos destacou que “a rede social X tem permitido a disseminação de conteúdos que incitam violência, especialmente no contexto dos protestos anti-imigrantes no Reino Unido”, o que pode ter agravado a situação no país.

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