O corpo de Sara Freitas Sousa Mariano, cantora gospel assassinada pelo marido Ederlan Mariano, na última sexta (27), foi sepultado na tarde desta segunda-feira (30), no Cemitério Quinta dos Lázaros. Ederlan segue preso desde a confissão do crime. O corpo de Sara foi encontrado carbonizado às margens de uma rodovia, em Dias D’Ávila, na região metropolitana de Salvador.

Segundo investigação da Polícia Civil da Bahia, o marido da cantora de 35 anos, planejou a morte da mulher por cerca de um mês. Os investigadores buscam elucidar a motivação, mas já sabem que antes de ter admitido matar a esposa, Ederlan pretendia destruir provas contidas no seu aparelho celular, que apontavam para o planejamento do crime. Além disso, a polícia afirma que há indícios de outras pessoas envolvidas no crime.

“Certamente há participação de outros autores. O marido se encontra preso, mas é importante que todos os autores sejam responsabilizados e condenados”, afirmou o delegado Marcos Tebaldi, do Departamento de Polícia Metropolitana. Laudos do Departamento de Polícia Técnica irão mostrar se a cantora foi morta queimada ou se teve o corpo incendiado após ser assassinada.

Sara Mariano foi vista pela última vez na terça-feira (24), quando saiu da casa onde morava, no bairro de Valéria, em Salvador, para se apresentar em um evento religioso em Camaçari (a 50 km da capital baiana). Curiosamente, o desaparecimento da pastora foi registrado formalmente pelo próprio marido na quarta (25), segundo a polícia. Ederlan ainda usou as redes sociais para pedir ajuda para encontrar a esposa.

A pastora e o produtor Ederlan Mariano eram casados há 13 anos e têm uma filha de 11. O casal é responsável pela “TV Shalom”, canal de conteúdos evangélicos de produção própria criado em 2015. Hoje com mais de 2.000 vídeos e 258 mil inscritos. O trabalho artístico de Sara Mariano era empresariado pelo marido.

Confissões à família

Em publicação feita antes da informação sobre a morte, Soraya Correia, irmã de Sara, publicou um vídeo da mãe de Sara, Dolores Freitas, dizendo que conversou com a cantora na segunda-feira (23) e a filha disse que teria algo “muito sério” para contar. Dolores disse ter provas de que Ederlan agredia e ameaçava a filha dela. A idosa também descreveu um episódio que corrobora com a versão do advogado da família, de que Ederlan forçava Sara a manter relações sexuais.

“Ela veio confessar [as agressões] a partir do dia 13 de maio. A última vez que falei com ela foi na segunda-feira. Me disse: ‘mãe, tenho algo muito sério para falar com a senhora’. Na terça, mandei mensagem pela manhã, perguntei o que queria falar comigo, mas tenho certeza que aquele áudio quem ouviu foi o infeliz”, disse Dolores.

“As agressões eram na frente da minha neta [Esmeralda Mariano]. Uma vez Sara chegou da igreja com minha neta e disse: ‘mãe, ele veio pelado, dizendo: ‘você vai transar comigo, você está dando mais valor à igreja que ao seu marido, está acabando o casamento’. Ela disse que foi horrível, e empurrou Esmeralda para dentro do quarto, para que não visse ele nu.”

O feminicídio foi cometido na noite de terça-feira (24) e Ederlan está detido por mandado judicial desde a madrugada de sábado (28). Ele “passou por exames de lesões corporais e está à disposição do Poder Judiciário”, diz a Polícia Civil, em nota. A defesa de Ederlan nega que ele tenha admitido o assassinato, e sustenta que o marido de Sara é inocente.