Na última sexta-feira (29), a comunidade Pataxó Itacipuera, situada na área rural de Sapirara, em Porto Seguro, foi alvo de um ataque devastador. Homens encapuzados invadiram o local por volta das 22h, disparando tiros e incendiando casas e pertences dos moradores enquanto a maioria dormia, deixando a comunidade em choque.
As imagens divulgadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) revelam a extensão da destruição sofrida pelos residentes, que há tempos enfrentam uma intensa disputa territorial. O embate é entre os indígenas locais e um cônsul português honorário, Moacyr Costa Pereira de Andrade. O território, mesmo possuindo uma escritura datada de 1956 que atesta a ocupação pela comunidade, foi sobreposto à matrícula da fazenda Itaquena, propriedade do cônsul, em 1979.
Os embates legais resultaram, em dezembro de 2023, na concessão de um título de reintegração de posse à fazenda, forçando a saída dos indígenas de suas terras. No entanto, em um movimento de resistência, os Pataxós retomaram seu território em 27 de dezembro, desencadeando o violento ataque poucos dias depois.
Teresinha Neves dos Santos, uma das moradoras e detentora da escritura, relatou que o ataque foi uma clara violação do acordo firmado entre indígenas e invasores. “Havia um acordo para não haver presença policial ou segurança em nossas terras, e eles concordaram”, disse. Por não cumprir essa medida judicial, a liderança indígena foi conduzida à delegacia para esclarecimentos.
Este não foi o primeiro ataque. Teresinha mencionou que, em três meses, é o segundo incidente, deixando os indígenas temerosos e agora fora de seu território por conta das ameaças recebidas. “Eles nos ameaçaram de morte se voltássemos”, revelou.
No sábado (30), uma reunião emergencial entre a Funai e os moradores ocorreu. O coordenador regional Aruã Pataxó informou que a organização acionou a Polícia Federal e a Polícia Civil para investigar e abrir um inquérito sobre o violento ataque que a comunidade enfrentou.
Fonte: Revista Fórum