A certidão de óbito de Rubens Paiva, torturado e morto durante a ditadura militar no Brasil, foi oficialmente retificada para reconhecer a morte como violenta e causada pelo Estado brasileiro. A mudança foi realizada após resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determina a retificação de registros de mortos e desaparecidos políticos da ditadura pelos cartórios. Agora, o documento afirma que a morte ocorreu no contexto de perseguição sistemática promovida pelo regime instaurado em 1964.
Para Rogério Sottili, diretor do Instituto Vladimir Herzog, a alteração representa um avanço na luta por justiça das famílias das vítimas do período. “Isso evidencia o papel heroico de mulheres como Eunice Paiva e Clarisse Herzog, que transformaram essa busca por justiça em um pilar essencial para a democracia brasileira”, declarou Sottili. Rubens Paiva foi levado de sua casa no Rio de Janeiro em 20 de janeiro de 1971 por agentes da ditadura e nunca mais foi visto. A certidão de óbito original, entregue apenas em 1996, não detalhava as circunstâncias de sua morte.
A história de Rubens Paiva e sua família ganhou destaque internacional com o filme Ainda Estou Aqui, que narra os impactos da perda e a busca por justiça. A produção foi indicada em três categorias ao Oscar 2025, reforçando a relevância histórica e cultural do tema e relembrando o legado de luta contra as violações aos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil.