Eleito com 73% dos votos no Processo de Eleições Diretas do PT da Bahia, Tássio Brito é o novo presidente estadual do partido. Ex-dirigente estudantil e militante da comunicação, ele foi o entrevistado do podcast “A Gente Pod – O Podcast da Gente”, apresentado pelo ex-vereador e sindicalista Luiz Carlos Suíca (PT), com mediação do jornalista Vitor Fernandes. Durante quase uma hora de conversa, Tássio falou sobre o fortalecimento da base petista, o papel dos movimentos sociais, o desafio de atrair a juventude em meio à guerra das redes sociais e a necessidade de atualizar o programa político da sigla para enfrentar 2026. A seguir, os principais trechos da entrevista.
A BASE SOCIAL E OS MOVIMENTOS
Vitor Fernandes – Como é que o PT da Bahia vai fazer para atrair os movimentos sociais e sindicais para a base de novo? Como vocês vão lidar com essa pressão de prefeitos e deputados dizendo que não são atendidos?
Tássio Brito – Os movimentos sociais são a base da construção do PT. O PT nasce a partir de um conjunto de movimentos sociais, sindicais, movimentos da igreja… O que nós estamos vivendo, na verdade, é um momento de transição da forma de fazer política, onde a esquerda ainda está tateando em como vai lidar com isso. […] O que nós precisamos, na verdade, é impulsionar a luta dos movimentos sociais.
– E como isso vai se materializar na prática?
– Nós vamos criar o Conselho de Movimentos Sociais do PT da Bahia. A intenção é aprovar já no primeiro diretório. Será um conselho que reúna diversos movimentos sociais e que se encontre com a direção do PT a cada dois meses, a cada 45 dias, para construir uma opinião política e unidade de ação.
– Haverá articulação nos municípios?
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– Sim. Queremos criar colegiados territoriais da presidência do PT. Eles não votam, mas são instâncias construtivas. A ideia é que o mesmo conselho que temos em Salvador seja replicado no interior.
O PAPEL DO PARTIDO PERANTE O GOVERNO
Vitor – E o governo entra nisso tudo, né? Vocês vão levar as demandas ao governador?
Tássio – O governo é liderado por um petista, mas é uma coalizão. E um dos nossos erros foi creditar ao governo ações que o partido deveria fazer. […] Quem tem que disputar lá é o partido. O partido é que tem que fazer o debate, formar as associações de moradores, os grêmios nas escolas, disputar a conscientização das pessoas.
Suíca – E qual a força que Tássio terá, de verdade, para levar essas demandas ao governo?
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Tássio – A força que a gente vai ter é do tamanho que é esse partido. […] O governador Jerônimo é um governador que escuta muito o PT. Na campanha, eu fui em 71 cidades em 58 dias. Não era demanda para o governo, era para o PT. Se a base do PT estiver bem organizada, a gente consegue ter mais força.
– Você já protestou contra o governo sendo do próprio PT, não foi?
– Sim. Quando era coordenador do DCE da UESC, organizamos um protesto contra a privatização da rodovia entre Ilhéus e Itabuna, mesmo sendo o governo Wagner. […] Eu disse: não estou contra o governo do PT. É que eu tenho certeza que o meu governador precisa de argumento para enfrentar quem quer privatizar. E o argumento era o povo na rua dizendo ‘não’.
A JUVENTUDE E O DESAFIO DAS REDES
Vitor – A juventude está sendo seduzida por discursos da direita. Como o PT pode disputar esse espaço?
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Tássio – Quem vai conseguir estabelecer essa relação com a juventude é a própria juventude. […] Eu tenho 40 anos. Eu não me comunico com uma pessoa de 20 anos com a eficiência que outra de 20 se comunica. São mundos diferentes.
– O desafio principal está nas redes sociais?
– A juventude está sendo capturada por um sonho de prosperidade via internet. Antes era: ‘vou estudar, vou ser jogador e ficar rico’. Agora é: ‘vou fazer um vídeo e virar influencer’. Isso traz altos índices de depressão, suicídio, transtornos mentais. […] Nós temos que organizar nossa juventude, dar formação política e ferramentas para disputar esse debate.
– A esquerda perdeu espaço na internet?
– Sim. Antes a gente achava que a internet era a solução: ‘não precisa mais da Globo’. No começo, bombava. Mas os donos das redes mudaram o algoritmo. Hoje, só aparece o que eles querem.
PERIFERIA, MILITÂNCIA E ORGANIZAÇÃO INTERNA
Suíca – A extrema-direita chega com facilidade à juventude da periferia. Como o PT vai reagir?
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Tássio – A campanha já me ajudou muito. Ouvir a base é essencial. Mas nós precisamos coletivizar a direção do PT. As secretarias têm que funcionar. […] Se o presidente pode ir ao Sindilimp, ótimo. Se não puder, vai o secretário sindical. Temos que estabelecer um contato cotidiano com a base.
– Qual o papel das secretarias nisso?
– Elas não são nomes decorativos. Tem secretaria de mobilização, territorial, formação, comunicação. Se cada uma funcionar, estaremos mais perto das pessoas. O PT estadual precisa ser a casa dos movimentos sociais.
2026: PROGRAMA, ALIANÇAS E O MODO CAMPANHA
Suíca – Como se preparar para o enfrentamento de 2026?
Tássio – Já comecei um diálogo com os presidentes dos partidos aliados. Estamos discutindo cenário eleitoral, chapas proporcionais e majoritária. […] Nossa aliança é baseada em decisão coletiva e crescimento conjunto.
– O PT vai atualizar seu programa político?
– Sim. Vamos iniciar ainda este ano uma série de debates programáticos. As pessoas nos respeitam pelo que fizemos, mas precisam saber o que queremos para o futuro. […] Lula é favorito à reeleição porque temos o melhor dos três governos dele.
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– A campanha precisa começar logo?
– Sim. Quando ligamos o ‘modo campanha’, como em Jerônimo em 2022, ganhamos. Saímos de 3% para 54%. A política exige presença, narrativa, diálogo direto com o povo. Isso nos fortalece.
A BASE ALIADA E O CENÁRIO NACIONAL
Vitor – Há risco de racha na base em 2026, como ocorreu com o PP em 2022?
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Tássio – Acho que o risco de racha é zero. Conversei com todos os presidentes dos partidos e todos estão unidos em torno de Jerônimo e Lula.
– E se o PSD nacional quiser ir para o outro lado?
– Está muito cedo. Muitos desses ensaios de federação são feitos agora porque sabem que Lula vai chegar mais forte. […] Mesmo que o PSD nacional decida algo, aqui na Bahia construímos algo sólido. O PP saiu e desidratou.
– Então, a base está firme?
– Sim. Os partidos observam, analisam, conversam. Aqui, não tem essa de interferência nacional. A base é sólida, e o nosso papel será manter essa unidade com diálogo e protagonismo político.
Assista à entrevista na íntegra: