A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor critérios rigorosos de transparência e rastreabilidade às emendas parlamentares desencadeou uma reação imediata entre grupos investigados por corrupção. Em 2 de dezembro de 2024, após a liberação das emendas sob as novas normas, Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, fretou às pressas uma aeronave particular para Brasília, articulando uma operação logística emergencial que culminou na apreensão de R$ 1,5 milhão em espécie no Aeroporto Internacional de Brasília.
De acordo com o depoimento do piloto, o voo foi organizado em menos de 24 horas, com a justificativa de que era uma “viagem crucial”. A bordo do jatinho estavam Alex Rezende Parente e Lucas Lobão, investigados por lavagem de dinheiro e corrupção. Ambos transportavam malas e mochilas com o dinheiro em espécie, além de uma planilha [veja abaixo] que detalhava contratos suspeitos somando mais de R$ 200 milhões. A Polícia Federal acredita que os valores seriam utilizados para tentar “flexibilizar” as exigências de transparência impostas por Dino, negociando diretamente com parlamentares.
A apreensão, ocorrida em 3 de dezembro, fortalece as conexões investigadas pela Operação Overclean, que se debruça sobre o desvio de recursos públicos e fraudes em contratos. As versões conflitantes apresentadas pelos envolvidos sobre a origem do dinheiro e os documentos apreendidos reforçam a complexidade do esquema. Um mês após o incidente, Dino suspendeu R$ 4,2 bilhões em emendas e determinou auditoria pela Controladoria-Geral da União (CGU), além da abertura de inquérito pela Polícia Federal, consolidando o combate às irregularidades nos repasses parlamentares.
Confira planilha: