Documentos obtidos com exclusividade pelo Panorama da Bahia expõem uma movimentação financeira suspeita envolvendo o vereador e candidato a prefeito de Camaçari, Flávio Matos (União Brasil). Ele quitou uma dívida de mais de R$ 1 milhão com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) apenas dias antes da convenção partidária que o oficializou como candidato, após ter deixado a pendência por uma década.
De acordo com o processo nº 8010757-76.2023.8.05.0039, a dívida original, que somava R$ 830.665,77, foi contraída como empréstimo em 2014 pela Reis Empreendimentos Ltda ME, uma empresa familiar que tinha Flávio como sócio-administrador. O empréstimo deveria ser pago em 96 parcelas, mas o compromisso não foi honrado, e o BNB precisou acionar a Justiça para cobrar o montante, que já ultrapassava R$ 1 milhão com juros e multas.
A situação permaneceu sem resolução até maio deste ano, quando, de forma repentina, a Reis Empreendimentos buscou um acordo extrajudicial com o banco. O que chama a atenção é que, após anos alegando dificuldades financeiras, a dívida milionária foi quitada em apenas duas parcelas, dias antes da convenção do União Brasil que oficializou Flávio Matos como candidato a prefeito, indicado pelo atual gestor, Elinaldo Araújo.
Além do calote milionário, Flávio também acumulava outra dívida significativa com o IPTU de Camaçari, referente aos anos de 2019 a 2022. O tributo, relacionado a um imóvel no Condomínio Camaçari Duo, só foi pago recentemente, também às vésperas de sua candidatura, o que levanta questionamentos sobre a verdadeira situação financeira do vereador.
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Enquanto acumulava essas pendências, Flávio construiu uma mansão no condomínio de luxo Terras Alphaville, avaliada em R$ 500 mil, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como seu único bem declarado. A discrepância entre suas alegações de dificuldades financeiras e a construção do imóvel reforça a suspeita de que a quitação repentina das dívidas tenha sido uma manobra para limpar sua ficha antes das eleições.
Destarte, o cenário das dívidas de Flávio Matos revela uma contradição: ele manteve por anos uma postura de inadimplência com o banco e o município, mas, no momento em que sua candidatura a prefeito se aproximava, recursos surgiram para quitar os débitos com rapidez. A coincidência temporal entre o pagamento das dívidas e a convenção partidária não passou despercebida.
O caso coloca em xeque a transparência do candidato e levanta dúvidas sobre a origem dos recursos utilizados para quitar a dívida milionária, assim como sobre as verdadeiras intenções por trás dessa movimentação financeira. Em um momento em que sua candidatura depende de uma imagem de seriedade e responsabilidade, Flávio parece dever explicações à população de Camaçari.