Nesta quarta-feira (26), a Bolívia testemunhou um dos episódios mais tensos de sua história política recente quando uma tentativa frustrada de golpe liderada pelo ex-comandante do Exército, Juan José Zúñiga [foto], resultou em sua prisão e na destituição dos chefes das Forças Armadas pelo presidente Luis Arce.
A ação começou com a invasão do Palácio Quemado, a antiga sede do governo boliviano, por Zúñiga e militares aliados. Tanques do Exército romperam a porta do palácio, tentando forçar a entrada para estabelecer o controle. A resposta foi rápida: o presidente Luis Arce, que estava no edifício ao lado, se dirigiu pessoalmente ao local. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
No interior do palácio, um confronto direto entre Arce e Zúñiga ocorreu, registrado por testemunhas presentes. Em meio a gritos, o presidente ordenou a desmobilização das tropas, sem resposta imediata do ex-comandante. Pouco depois, Zúñiga foi preso e levado pela polícia.
Zúñiga, no entanto, fez uma declaração surpreendente antes de ser levado pelas autoridades, acusando Arce de orquestrar um autogolpe. Segundo ele, o presidente planejou a tentativa de golpe para ganhar popularidade antes das eleições de 2025, nas quais enfrentará seu ex-aliado Evo Morales.
O papel de Evo Morales
Evo Morales, ex-presidente e figura central na política boliviana, também esteve envolvido indiretamente no incidente. Na véspera, Zúñiga havia sido destituído após ameaçar prender Morales caso ele retornasse ao poder. Apesar de agora serem rivais políticos, Arce defendeu Morales, que atualmente luta para reverter uma decisão judicial que impede sua candidatura.
Desmobilização e Consequências
Após cerca de quatro horas de tensão, a situação foi controlada. Arce anunciou a destituição dos comandantes das Forças Armadas e nomeou novos líderes, ordenando a desmobilização dos tanques e tropas. A Procuradoria-geral da Bolívia iniciou uma investigação contra Zúñiga e os militares envolvidos. Clique aqui e siga nosso canal no WhatsApp.
Zúñiga justificou suas ações como uma tentativa de “restaurar a democracia” e “libertar prisioneiros políticos”, mas sua iniciativa foi condenada amplamente, incluindo por adversários políticos como a ex-presidente Jeanine Áñez.
A Suprema Corte da Bolívia também repudiou a tentativa de golpe, pedindo à comunidade internacional que se mantenha vigilante em apoio à democracia no país. A Bolívia agora se encontra em um momento de reflexão e reavaliação de suas instituições democráticas após este episódio crítico.