O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) vai investigar o vereador Sandro Fantinel (Patriota) por ter feito declarações xenófobas contra trabalhadores baianos resgatados em situação análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves e também por apologia ao trabalho escravo.
Em discurso na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, no dia 28 de fevereiro, Fantinel disse que empresários do setor de uva e vinho não deveriam contratar mais “aquela gente lá de cima”, em referência aos trabalhadores da Bahia que foram resgatados nas vinícolas.
O vereador defendeu ainda a contratação de argentinos que, segundo ele, “seriam limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e no dia de ir embora ainda agradecem o patrão”. Ele completou dizendo que a única cultura que os baianos têm é “viver na praia tocando tambor” e, que por isso, seria “normal que fosse ter esse tipo de problema”.
Para o procurador do Trabalho e vice-coordenador nacional de erradicação do Trabalho Escravo no MPT, Italvar Medina, as falas do vereador “minimiza, indevidamente, a extrema gravidade da escravidão contemporânea, busca culpabilizar as próprias vítimas pelos ilícitos sofridos, tem conteúdo preconceituoso e, para piorar, estimula a discriminação nas relações de trabalho, em ofensa à Constituição da República, à legislação e a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil”.