Nos bastidores da política baiana, o nome de Elinaldo Araújo (União Brasil) volta a circular com força — mas desta vez cercado por dúvidas. O ex-prefeito de Camaçari tenta pavimentar o caminho para uma candidatura a deputado estadual, enquanto enfrenta uma onda de processos e denúncias que colocam sua elegibilidade sob risco. O tabuleiro jurídico é espinhoso, e a travessia, incerta.
Entre aliados, há quem admita em voz baixa que o projeto eleitoral de Elinaldo carrega um componente de autoproteção. Um especialista ouvido pelo Panorama da Bahia resumiu bem: ele até pode concorrer e vencer, mas o risco de ser barrado ou afastado depois é real. O temor é que as ações em curso avancem antes mesmo das urnas, jogando por terra o plano de retorno ao cenário estadual.
O caso das “emendas pix” é o mais explosivo. O Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a suspender repasses a Camaçari após o ministro Flávio Dino apontar falhas graves na prestação de contas. O município recebeu R$ 45 milhões, e parte do valor teria sido usada de forma, no mínimo, inusitada: o aluguel de quatro cães de guarda por R$ 15 mil cada. O episódio virou símbolo do que os adversários chamam de “gestão de improviso”.
Mas não para por aí. O hospital de campanha da pandemia, instalado sob sua administração, também está sob investigação por suspeitas de irregularidades e falta de transparência. Há ainda o processo sobre gratificações e horas extras supostamente usadas como moeda política — um caso que atinge até aliados próximos, como o ex-candidato Flávio Matos (PL) e sua vice, professora Angélica (Republicanos).
Entre amigos e inimigos, o consenso é um só: Elinaldo luta contra o tempo e contra o cerco jurídico. Para uns, ele busca apenas espaço político; para outros, o mandato virou sinônimo de sobrevivência. O foro privilegiado, dizem, seria o último abrigo de um ex-prefeito que tenta manter a cabeça fora d’água em meio à maré de investigações.



