Em meio ao avanço da Operação Overclean, que já acumula várias fases, uma figura central do cenário político baiano permanece em silêncio: o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil). Mesmo com a Polícia Federal realizando buscas em endereços ligados à sua família, incluindo o irmão, Elmo Nascimento (prefeito de Campo Formoso), e o primo, vereador Francisco Nascimento – todos do União Brasil –, Elmar evita declarações públicas e mantém uma postura de distanciamento.
Na quinta fase da operação, a Polícia Federal encontrou maços de dinheiro escondidos dentro de um sapato na casa do vereador Francisco, o mesmo que, no ano passado, foi flagrado jogando R$ 220 mil em espécie pela janela pouco antes de ser preso. A investigação, que mira fraudes em contratos da Codevasf financiados por emendas parlamentares, já ligou os pontos entre os investigados e o núcleo político que orbita Elmar – mas até agora, nenhuma palavra do deputado.
O silêncio, por vezes, é uma estratégia. Mas neste caso, soa como omissão. Como líder influente, Elmar deve explicações à sociedade e principalmente a seus eleitores. Ainda que não tenha sido alvo direto de mandados, o envolvimento de familiares próximos e de apadrinhados políticos o coloca no centro das suspeitas. Em tempos de desconfiança e de crescente cobrança por transparência, o silêncio pode custar caro – em reputação, capital político e, principalmente, em credibilidade.
Luana Neiva é jornalista e repórter de política, do Panorama da Bahia.