O governo da China criticou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Em entrevista nesta sexta-feira (11), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, afirmou que “as tarifas não devem ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência”.
Mao Ning ressaltou que “a igualdade soberana e a não interferência em assuntos internos são princípios importantes da Carta das Nações Unidas e normas básicas nas relações internacionais”. Segundo ela, a posição da China sobre guerras comerciais é “consistente e clara”, e o protecionismo promovido por Washington “prejudica os interesses de todos”.
As críticas chinesas somam-se à reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar reverter a decisão dos Estados Unidos. “Medidas unilaterais terão resposta com base na Lei de Reciprocidade Econômica”, afirmou Lula em declaração oficial.
Trump justificou o tarifaço em carta enviada ao governo brasileiro na última quarta-feira (9), alegando preocupações com o alinhamento do país ao Brics e citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no STF por tentativa de golpe. O presidente norte-americano já havia ameaçado, durante a Cúpula do Brics, aplicar taxas a países que integrem o bloco.
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Especialistas consultados pela reportagem classificaram a medida como uma forma de chantagem política. Para eles, a decisão tem motivação geopolítica e busca conter a aproximação do Brasil com países como China e Rússia. O gesto de apoio público da China indica que o conflito pode ganhar contornos multilaterais.
