Clima de guerra na Câmara: vereadores aprovam reajuste dos servidores em meio a brigas, invasão e protestos

Sessão termina com votação a portas fechadas, servidores acusam falta de diálogo e Câmara compara manifestação ao 8 de Janeiro

Foto: Luciano Barreto/Panorama da Bahia
Foto: Luciano Barreto/Panorama da Bahia

O clima esquentou na Câmara Municipal de Salvador na tarde desta quinta-feira (22), durante a votação do projeto de reajuste salarial dos servidores municipais. O que era para ser uma sessão extraordinária se transformou em palco de confusão, bate-boca, empurra-empurra, agressões e até invasão do auditório do Centro de Cultura, onde aconteceria a votação. Em meio ao caos, a matéria acabou sendo aprovada a portas fechadas, sem a presença da oposição e sob protestos dos servidores.

Desde o meio-dia, trabalhadores da Prefeitura, especialmente do magistério, que estão em greve desde 6 de maio, já ocupavam a Praça Municipal em frente à Câmara. O grupo protestava contra a proposta de reajuste enviada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil), que prevê aumento de 4,83% para os servidores em geral, escalonado até abril de 2026, e índices variados para os professores. A principal reivindicação da categoria é o pagamento do piso salarial nacional de R$ 4.867,77, conforme estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC).

O início da sessão foi comandado pelo presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), que precisou interromper os trabalhos logo nos primeiros minutos a pedido do líder do governo, vereador Kiki Bispo (União Brasil), para apresentação do relatório das comissões sobre o projeto. A suspensão, no entanto, serviu como gatilho para que os ânimos se exaltassem ainda mais. Em seguida, um grupo de manifestantes tentou ocupar o espaço interno da Câmara, forçando portas, batendo em vidros e invadindo o auditório do Centro de Cultura.

O clima ficou completamente fora de controle. Sindicalistas e vereadores protagonizaram cenas de confronto físico, com registros de empurrões, trocas de insultos e agressões. Faixas foram erguidas dentro do auditório, e parte dos manifestantes acusava a Câmara e a Prefeitura de Salvador de desrespeitar a mesa de negociação da campanha salarial. Em meio à confusão, servidores da própria Casa e guardas municipais tentaram conter os ânimos, mas a situação fugiu do controle.

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Diante do tumulto, os vereadores decidiram esvaziar o plenário e realizar a votação em outro local, fora do acesso dos manifestantes e da imprensa. A bancada de oposição se recusou a participar do processo, alegando falta de transparência, quebra dos ritos legislativos e desrespeito aos servidores públicos. Foram 33 votos favoráveis, todos da base do governo, e nenhuma emenda apresentada pela minoria foi aprovada. Ao todo, foram seis emendas — quatro do governo e duas da oposição —, todas rejeitadas.

O presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), não escondeu a irritação com os protestos e classificou a ação como “bárbara”. “Me senti no 8 de Janeiro, quando invadiram o Congresso Nacional. Isso não representa os sindicalistas, mas sim baderneiros que não querem dialogar, não querem sentar à mesa para discutir”, disparou. Apesar de lamentar as agressões, Muniz não comentou o fato de a votação ter ocorrido de forma fechada, sem transmissão, e sem o acompanhamento da imprensa, que também foi impedida de acessar parte da Casa durante os protestos.

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O projeto foi aprovado nas condições mais tensas dos últimos anos na Câmara de Salvador. Agora, os servidores passam a receber o reajuste escalonado de 4,83%, válido até abril de 2026, enquanto os professores terão percentuais que variam de 6,27% a 9,25%, dependendo do nível e da referência salarial. Mesmo com a aprovação, o clima entre servidores e governo municipal segue totalmente rompido, e os sindicatos prometem seguir mobilizados, avaliando os próximos passos da greve e, possivelmente, ações judiciais contra o que consideram um desrespeito à mesa de negociação e aos direitos da categoria.

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