A soteropolitana Verônica Almeida, de 48 anos, se prepara para mais um momento histórico em sua trajetória pessoal. Ela foi escolhida pela Prefeitura de Salvador para acender a pira do Fogo Simbólico, na Praça do Campo Grande, durante a celebração do Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, no próximo domingo, 2 de julho.
Acostumada a ganhar medalhas e a figurar em pódios, a paratleta é referência no esporte nacional, não apenas pelo talento nas piscinas do Brasil afora, como também por ser fonte de inspiração e superação.
“Fui pega de surpresa com o convite, mas me senti bastante honrada, ainda mais por ser a primeira paratleta da história a receber a missão. Estive no revezamento da tocha olímpica nos Jogos Rio 2016 e foi um momento de muita emoção. Mas acredito que acender a pira no Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia será ainda mais especial. Acho que no dia vou chorar”, confessa Verônica.
Superação – A nadadora é portadora da síndrome de Ehlers-Danlos, uma doença degenerativa que provoca deficiência na produção do colágeno, a proteína que une e fortalece tecidos do corpo, dando sustentação à pele, músculos, ossos e órgãos. Após o diagnóstico em 2007, ela perdeu força e movimento nos membros inferiores, além de ter limitações no movimento de rotação do braço direito. À época, a paratleta recebeu um prognóstico de que teria apenas mais um ano de vida.
Dezesseis anos se passaram e, graças a um contínuo tratamento médico, a nova escolhida para acender o Fogo Simbólico segue competindo em alto nível e alcançando feitos incríveis no esporte. No currículo recheado, destaques para conquistas de medalhas nas Paralimpíadas de Pequim (2008) e nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto (2015).
Verônica também é recordista da travessia Mar Grande/Salvador, tendo entrado para o Guiness Book ao realizar o percurso em 4 horas e 56 minutos, utilizando o nado borboleta. Ano passado, a nadadora foi campeã brasileira alcançando o primeiro lugar no ranking da modalidade 100m nado peito, no circuito paralímpico, realizado em São Paulo.

Rotina puxada – Embora tenha uma rotina puxada, de viagens e treinos ao longo do ano, Verônica diz que não abre mão em marcar presença na celebração da Independência, quando é possível. “Sempre o que mais me chamou atenção no festejo é o fogo da tocha, o acendimento da pira. São símbolos que representam bastante para o atleta”, reflete.
No dia dos festejos, Verônica já garantiu que estará acompanhada de seus dois filhos, os gêmeos Bianca e Marcelo, ambos de 18 anos, na solenidade do Campo Grande. Para ela, o Dois de Julho representa a liberdade.
“Meu desejo é que todos os baianos aproveitem a data, que não é apenas um feriado local, mas um momento de lembrarmos de tudo o que foi vivido, de toda a luta, para chegarmos onde estamos hoje”, completa a paratleta.